São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Crítica/"Paprika"

Animação mistura sonho e culpa com cores berrantes

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

O território dos sonhos já foi explorado em gêneros tão distintos como o terror de Freddy Krueger em "A Hora do Pesadelo" e a ingenuidade de "Peter Pan". Já a animação japonesa "Paprika" invade, com cores berrantes e muitos bonecos, o mundo dos sonhos -e pesadelos, já que aqui não há diferença- para decifrar as neuroses e alucinações do ser humano. Um aparelho permite que mais de uma pessoa adentre no sonho de outra. A idéia é curar traumas ou obsessões, mas o invento é roubado por um vilão e causa uma série de suicídios.
O diretor Satoshi Kon nos faz mergulhar numa espécie de sonho dentro do sonho, ao ponto de não sabermos se estamos vendo a realidade ou dormindo. Tudo é colorido demais, entulhado de coisas demais, rápido demais, sem muita conexão.
Como Kon mesmo diz, seu trabalho resultou em "uma inundação de cores", do qual o exemplo máximo é a cena da parada musical, cheia de sapos, robôs e bonecos de porcelana.
No making of, ele diz que as imagens são o essencial do filme e que primeiro as criou para depois se preocupar com a trama, inspirada em um best-seller japonês. Acaba por fazer uma viagem por nossas culpas e por aquilo que nos perturba. Culpa, aliás, é tema recorrente para o diretor, que já havia feito "Tokyo Godfathers", sobre o abandono de uma criança com um grupo de mendigos.


PAPRIKA
Distribuidora:
Sony (só para locação; venda em fevereiro a preço a definir)
Avaliação: ótimo



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