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Crítica/"Paprika"
Animação mistura sonho e culpa com cores berrantes
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
O
território dos sonhos
já foi explorado em gêneros tão distintos como o terror de Freddy Krueger
em "A Hora do Pesadelo" e a ingenuidade de "Peter Pan".
Já a animação japonesa "Paprika" invade, com cores berrantes e muitos bonecos, o
mundo dos sonhos -e pesadelos, já que aqui não há diferença- para decifrar as neuroses e
alucinações do ser humano.
Um aparelho permite que
mais de uma pessoa adentre no
sonho de outra. A idéia é curar
traumas ou obsessões, mas o
invento é roubado por um vilão
e causa uma série de suicídios.
O diretor Satoshi Kon nos faz
mergulhar numa espécie de sonho dentro do sonho, ao ponto
de não sabermos se estamos
vendo a realidade ou dormindo.
Tudo é colorido demais, entulhado de coisas demais, rápido
demais, sem muita conexão.
Como Kon mesmo diz, seu
trabalho resultou em "uma
inundação de cores", do qual o
exemplo máximo é a cena da
parada musical, cheia de sapos,
robôs e bonecos de porcelana.
No making of, ele diz que as
imagens são o essencial do filme e que primeiro as criou para
depois se preocupar com a trama, inspirada em um best-seller japonês. Acaba por fazer
uma viagem por nossas culpas e
por aquilo que nos perturba.
Culpa, aliás, é tema recorrente para o diretor, que já havia
feito "Tokyo Godfathers", sobre o abandono de uma criança
com um grupo de mendigos.
PAPRIKA
Distribuidora: Sony (só para locação;
venda em fevereiro a preço a definir)
Avaliação: ótimo
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