São Paulo, Segunda-feira, 03 de Janeiro de 2000


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Escola não fará "adaptações"

do enviado a Joinville

Uma dúvida que poderá surgir quanto ao sistema de ensino do Bolshoi é se a escola amolece o clássico, incorpora o samba, dissimula a bossa.
Ao que parece, não. E quem conhece um pouquinho da índole russa já perdeu as esperanças com relação a uma suposta "adaptação" de procedimentos de ensino seculares, "clássicos", como se diz.
O que vai mesmo imperar, diz a bailarina Galina Bogatyziova, é a disciplina, o respeito aos cânones da cultura erudita.
"Acho que essa é uma oportunidade para que as crianças daqui encontrem uma abertura para a música clássica, que, por si só, já é uma janela para todo tipo de dança que se queira praticar", diz a bailarina.

Nota máxima
Nos testes de seleção já se sentia o que vai pautar os passos dos futuros Nijinskis: muito Tchaikovski. O teste de apresentação livre, aquele em que é colocada uma música e as crianças desenvolvem coreografias próprias, inventadas na hora, revelou candidatos que já rodopiavam ao som do compositorTchaikovski com certo conhecimento de causa.
Patrícia Indalêncio, 9, era uma delas. Recebeu nota máxima em todas as etapas da seleção, o que raramente acontece, mesmo em Moscou.
A menina tinha feito um ano de balé clássico em 1998, mas, por falta de recursos, deixou as aulas. Agora, vai estudar de graça naquela que promete ser a melhor escola de balé do país.
Mas dificilmente ouvirá chorinho, Villa-Lobos ou outras composições nacionais.
"O que desenvolverá melhor a atenção, a percepção auditiva, é a música clássica, sempre foi assim, principalmente se ela vem de mestres como Tchaikovski", enfatiza Galina.
O garoto Anselmo Thiesen Júnior, 10, é outro que terá de se adaptar à disciplina russa. Entre os meninos, foi o primeiro colocado. Até a seleção do Bolshoi, queria ser jogador de futebol. E os pais, ao que parece, não estranharam a decisão do menino, como fariam aqueles que mantêm preconceitos em relação ao balé.
(CAC)


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