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MÚSICA/LANÇAMENTOS
Ministry lança "Animositisomina" em fevereiro e se mantém distante da eletrônica
Apocalipse e caos
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Acostumado a não se preocupar
em preencher expectativas, seja
de gravadoras ou dos próprios
fãs, o Ministry se prepara para soltar um novo disco de inéditas no
próximo mês, em que segue economizando nos sintetizadores e
samples que justamente consagraram o grupo como patrono do
som industrial.
Em "Animositisomina", a música apocalíptica e caótica da dupla formada por Al Jourgensen e
Paul Barker ainda é construída
por guitarras altas e distorcidas,
mas joga o eletrônico para o papel
de coadjuvante, bem quando a
sonoridade vive sua ascensão e
expansão criativa.
E mais, como frisou o multiinstrumentista Jourgensen à Folha, o
Ministry não está nem um pouco
interessado no que está surgindo
por aí. "Nós somos a nossa própria inspiração. Não precisamos
de outras pessoas para tirar o nosso som." O músico abre exceções,
mas de forma surpreendente.
"Não ouço nada que não seja jazz
e country antigo: Miles Davis,
Charlie Mingus, Buck Owens...",
afirma Jourgensen. "E isso aparece na minha música. Se você olhá-la mais de perto [risos"."
Relações musicais inusitadas estão na gênese do Ministry, protagonista de uma das mais incríveis
transmutações já vistas no rock. O
álbum de estréia, "With
Sympathy" (1983), apresentava
um tecnopop flamboyant, que se
encaixaria muito bem em um disco de sobras do... Erasure.
""Simpathy" é realmente muito
ruim. Mas eu não me arrependo
de nada. Ele me fez perceber o que
realmente queria tocar", diz.
Só mais propriamente a partir
de "The Land of Rape and Honey" (1988) é que o verdadeiro
Ministry iria aparecer, para atingir seu pico de popularidade com
"Psalm 69: The Way to Succeed &
the Way to Suck Eggs" (1992), cujas músicas tiveram, à época, alta
rotação na MTV e rádios universitárias norte-americanas.
Jourgensen é cubano de nascimento -o sobrenome nórdico é
de seu padrasto-, mas o músico
não compartilha da mesma opinião de boa parte da comunidade
de seu país de origem nos Estados
Unidos.
"Eu acho que [o ditador cubano] Fidel Castro fez o que deveria
ter sido feito", diz. Mas e as restrições à liberdade na ilha? "Acredite, aqui [nos EUA" também temos
o mesmo tipo de reclamação."
Naturalmente, não vê a administração George W. Bush com
bons olhos. "Ah, não deixa eu começar. Eu odeio esse cara. Quer
manter todos com medo e construir uma grande base de apoio
para se tornar "king George"."
Após ter sido dispensado pela
"major" Warner, o Ministry escolheu o caminho da independência
e lança "Animositisomina" pelo
pequeno selo Sanctuary.
Além da nova casa, o disco marca 15 anos de parceria com o baixista e produtor Paul Barker (que
se tornou membro a partir de
"Land of Rape").
"Musicalmente, nós confiamos
muito um no outro. É uma coisa
meio Lennon e McCartney. Claro,
é como um casamento, sempre há
altos e baixos, mas estamos juntos
até hoje, não é?"
Diferentemente do que era alardeado no passado, as drogas não
estiveram presentes no estúdio.
"É, eu casei, serei pai pela segunda
vez em breve, acho que não dava
mais para levar aquele tipo de vida", afirma.
O Ministry cai na estrada já no
final do mês que vem com um
show na Holanda -"esperamos
também passar pela América do
Sul". Conhecido por não ser muito afeito a turnês, a nova fase mudou o gosto de Jourgensen. "A diferença é que hoje eu consigo me
lembrar do que acontece nos
shows."
ANIMOSITISOMINA. Artista: Ministry.
Lançamento: FNM (em fevereiro).
Quanto: preço a definir.
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