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Artistas defendem Ferreira Gullar de críticas do Ministério da Cultura
Abaixo-assinado inclui Niemeyer e Luiz Carlos Barreto
DA SUCURSAL DO RIO
Um abaixo-assinado de apoio
ao poeta e colunista da Folha Ferreira Gullar foi encaminhado na
última sexta-feira ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Cultura, Gilberto Gil. O
documento é um protesto contra
a carta do secretário de Políticas
Públicas do ministério, Sérgio Sá
Leitão, publicada no dia 24 de dezembro na Folha.
"Nós abaixo assinados vimos
explicitar nosso repúdio pela forma como um funcionário do alto
escalão do Ministério da Cultura
trata um dos maiores intelectuais
vivos deste país, o poeta Ferreira
Gullar", afirma o texto, assinado
pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o
produtor Luiz Carlos Barreto, o
cineasta Zelito Viana e outros 27
artistas. As assinaturas continuam sendo coletadas e serão enviadas a Brasília.
Em sua carta, Sá Leitão criticou
frases ditas por Gullar na Sabatina
Folha realizada no dia 21. Sobre a
gestão de Gil, o poeta afirmou à
platéia: "Ouço reclamações de diferentes áreas de que [ele] não está cumprindo bem seu papel." E
ainda disse: "Houve centralização
que não sei se continua."
Na carta, Sá Leitão escreveu:
"(...) Não deixa de ser curioso um
comunista criticar algo ou alguém
por uma suposta "centralização".
A "centralização" não era a marca
registrada dos finados regimes
stalinistas dos quais Gullar foi e
segue sendo um defensor?".
"O que Gullar observou [sobre
Gil] foi muito singelo para ser alvo
de uma patada como essa", criticou o cineasta José Joffily, uma
das assinaturas do documento.
"Quem está no poder precisa medir suas palavras. Gullar é um homem que trouxe, traz e trará muitas contribuições ao país. Não dá
para um menino vir com tanta
agressividade e estupidez", disse.
Ontem, Sá Leitão disse que sua
carta não foi uma iniciativa pessoal, mas do ministério. E encaminhou e-mail dando sua versão
do caso. "Ferreira Gullar deu o comando, e o que era um exercício
público de liberdade de expressão
tornou-se o pretexto para uma
perseguição política que remonta
aos piores momentos do stalinismo, mesclando o totalitarismo do
partidão ao oportunismo de ex-privilegiados do cinema", afirma.
"Por fim, deixo uma pergunta:
por que a crítica de Gullar é um
gesto democrático, e a crítica a
Gullar, um ato de autoritarismo?", escreve ele, referindo-se a
um trecho do abaixo-assinado:
"(...) Com manifestações desta
natureza estamos voltando aos
obscuros tempos da ditadura, onde tentavam nos proibir até mesmo de pensar".
O trecho é um apoio à resposta
que Gullar deu, no dia 24, no "Painel do Leitor", à carta de Sá Leitão,
quando afirmou que "parece escrita pelo antigo SNI [Serviço Nacional de Informações]".
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