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LITERATURA
Documentário visita a Boca do Lixo em SP
MARCOS STRECKER
DA REDAÇÃO
A idéia de "Literatura e Submundo" (Rede SescSenac) é fazer
um contraponto entre literatura
marginal e o mundo marginal retratado no livro "Contos de Bordel" (Carrenho Editorial, 160
págs., R$ 29), das jornalistas Renata Bortoleto, Ana Laura Diniz e
Michele Izawa.
Elas percorreram durante dois
anos a Boca do Lixo -um quadrilátero irregular formado pelas
avenidas São João, Ipiranga, Rio
Branco e rua Aurora- registrando depoimentos de prostitutas:
programas com os clientes, as relações com os policiais, o contato
com as drogas e o ambiente fétido
de casas noturnas. Conclusão das
autoras: a principal característica
da baixa prostituição hoje é a "falta de glamour e de romantismo".
O contraponto é o depoimento
do paulista Ariosto Augusto de
Oliveira, autor de "Vila Nova de
Málaga" (melhor obra de ficção
pela Academia Paulista de Letras
em 2001) e "A Pesada Memória da
Noite", entre outros. A pergunta
é: "A indústria literária marginal
foi domesticada?".
Sim, parece ser a conclusão.
"Plínio Marcos vinha mesmo daquele meio, tinha aquela coisa do
porto de Santos. Mas outros escritores fizeram da marginalidade
uma marca registrada", diz Oliveira. "Os meus quatro primeiros
livros de contos estão ligados a esse universo. Nos últimos, passei a
retratar a marginalidade da classe
média e alta."
A impressão é que o material do
programa é mais rico do que
aquele retratado. Mas acerta ao
lembrar (não afirma) que os personagens marginais ("bêbados,
malandros, desocupados", nas
palavras de Oliveira) ainda existem, mas são "maquiados" para
consumo fácil ou viram matéria-prima para os inúmeros "escritores-clones" de Rubem Fonseca.
O que não é verdade para Oliveira, apesar de afirmar: "Tive
uma fortíssima influência do Rubem Fonseca. Mas hoje não é
mais". E diz: "Difícil mesmo é escrever como Miguel de Cervantes
e Gabriel García Márquez".
LITERATURA E SUBMUNDO. Quando:
hoje, às 23h30, na Rede SescSenac.
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