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ANÁLISE
Após estréia do "Jornal da Record", Globo prioriza notícias populares
"JN" tenta segurar seu Homer
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
CPIs e a disputa entre governo
e oposição?! Não, o Brasil do
"Jornal Nacional" desta semana
tem sido o país da violência, das
câmeras escondidas, do drama da
bebezinha jogada na lagoa.
O principal jornal da TV já não é
mais o mesmo há 15 dias, quando
empatou com "Prova de Amor",
da Record. Desde então, segue
sem intervalos comerciais por 30
minutos, a fim de segurar o público até o final da novela concorrente. Adotou também um tom mais
popular para não perder o Homer
-personagem meio bobão dos
"Simpsons" comparado ao telespectador médio por William Bonner, que nunca mais vai conseguir
tirar isso do currículo.
O jogo do Ibope se complicou
nesta segunda, quando estreou o
novo "Jornal da Record", com ex-globais à frente e atrás das câmeras. O "JR" começou com uma
denúncia sobre suposta compra
irregular feita por Paulo Maluf.
Pôs no ar fitas com gravações de
grampos telefônicos, ferramenta,
aliás, que virou "hit" da briga jornalística e só fica atrás da grande
"estrela", a câmera escondida.
Na segunda, o "JN" ainda não
veio com essas armas, apesar de o
primeiro superbloco trazer matérias de roupas vendidas a quilo,
futebol e assaltos. A reação foi forte no dia seguinte. Incisiva, Fátima Bernardes abriu com a frase:
"O "JN" vai convidá-lo agora a
uma viagem para um dos lugares
mais bonitos do Brasil, mas vai ser
uma experiência revoltante". Era
a reportagem sobre vereadores fazendo turismo à custa de dinheiro
público em Foz do Iguaçu. E dá-lhe câmera escondida com flagrantes do deleite dos políticos.
Sem um respiro, o telespectador
enfrentou na seqüência o drama
do bebê encontrado na lagoa da
Pampulha. E não foi poupado de
mais uma vez assistir à cena da
criança sendo retirada do saco de
lixo e da mãe negando ter jogado
"a droga da menina" na água. Teve mais: acidente, mulheres assassinadas, transplante de rosto, vacina antiobesidade, alunos na volta às aulas e Oscar (cuja transmissão é da Globo). Foi assim também na quarta e assim será.
Por outro lado, o "Jornal da Record" acertou em cheio com a carismática ex-global Adriana
Araújo e seguiu à risca a cartilha
do "JN". Era para ser uma opção,
mas aí o telespectador já não sabe
quem é clone, quem é clonado.
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