São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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ANÁLISE

Após estréia do "Jornal da Record", Globo prioriza notícias populares

"JN" tenta segurar seu Homer

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

CPIs e a disputa entre governo e oposição?! Não, o Brasil do "Jornal Nacional" desta semana tem sido o país da violência, das câmeras escondidas, do drama da bebezinha jogada na lagoa.
O principal jornal da TV já não é mais o mesmo há 15 dias, quando empatou com "Prova de Amor", da Record. Desde então, segue sem intervalos comerciais por 30 minutos, a fim de segurar o público até o final da novela concorrente. Adotou também um tom mais popular para não perder o Homer -personagem meio bobão dos "Simpsons" comparado ao telespectador médio por William Bonner, que nunca mais vai conseguir tirar isso do currículo.
O jogo do Ibope se complicou nesta segunda, quando estreou o novo "Jornal da Record", com ex-globais à frente e atrás das câmeras. O "JR" começou com uma denúncia sobre suposta compra irregular feita por Paulo Maluf. Pôs no ar fitas com gravações de grampos telefônicos, ferramenta, aliás, que virou "hit" da briga jornalística e só fica atrás da grande "estrela", a câmera escondida.
Na segunda, o "JN" ainda não veio com essas armas, apesar de o primeiro superbloco trazer matérias de roupas vendidas a quilo, futebol e assaltos. A reação foi forte no dia seguinte. Incisiva, Fátima Bernardes abriu com a frase: "O "JN" vai convidá-lo agora a uma viagem para um dos lugares mais bonitos do Brasil, mas vai ser uma experiência revoltante". Era a reportagem sobre vereadores fazendo turismo à custa de dinheiro público em Foz do Iguaçu. E dá-lhe câmera escondida com flagrantes do deleite dos políticos.
Sem um respiro, o telespectador enfrentou na seqüência o drama do bebê encontrado na lagoa da Pampulha. E não foi poupado de mais uma vez assistir à cena da criança sendo retirada do saco de lixo e da mãe negando ter jogado "a droga da menina" na água. Teve mais: acidente, mulheres assassinadas, transplante de rosto, vacina antiobesidade, alunos na volta às aulas e Oscar (cuja transmissão é da Globo). Foi assim também na quarta e assim será.
Por outro lado, o "Jornal da Record" acertou em cheio com a carismática ex-global Adriana Araújo e seguiu à risca a cartilha do "JN". Era para ser uma opção, mas aí o telespectador já não sabe quem é clone, quem é clonado.


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