São Paulo, terça, 3 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"TWILIGHT"
Paul Newman volta às telas com suspense

CLÁUDIA PIRES
de Nova York

Poucos astros conseguiram ser bem sucedidos fora de Hollywood. Paul Newman, uma das maiores estrelas que o cinema já produziu, faz parte dessas exceções.
Newman se tornou um empresário bem-sucedido. Seus negócios incluem empresas de alimentos e equipes de carros de corrida. Ele também dirige uma instituição para o combate do uso de drogas, fundada depois da morte de seu filho Scott em 1978. "Nunca achei que viveria só de cinema." Mas o cinema ainda é a maior paixão. Depois de ficar quase três anos sem atuar, ele volta às telas neste ano com o suspense "Twilight", dirigido por Robert Benton. "Fiz o filme porque gosto do personagem e da sensibilidade do roteiro", disse o ator em entrevista no último sábado em Nova York.
Bem-humorado, contando piadas e brincando com os jornalistas, Newman diz que tem conseguido dividir bem seu tempo entre os negócios, a carreira e a família.
Aos 73 anos, com mais de 50 filmes e 40 anos de carreira, ele ainda não quer se aposentar. Há alguns anos trabalha em um roteiro de um novo western. Também deve começar a gravar um novo filme co-estrelado por Kevin Costner.
"Todo ano eu digo que vou me aposentar, mas alguém me convence a atuar de novo." Depois completa: "Sabe qual é meu filme preferido? O próximo".
Os projetos também incluem um novo filme com a mulher, a atriz Joanne Woodward. Casados desde 1958, os dois atuaram em dez filmes juntos. "Há 25 anos estamos procurando um novo roteiro, mas ainda não encontramos. Nós fizemos muitos filmes bons juntos e não queremos que isso se perca fazendo algo ruim agora."
Carreira
Tudo que envolve o nome de Paul Newman está cercado de carisma. A carreira, os amigos, as doações a instituições filantrópicas, a paixão por corrida de carros.
"Acho que o público prefere me ver em papéis de bom caráter. Mas não fiz só isso", diz Newman. O ator afirma preferir fazer personagens que ficam entre o bem e o mal porque "são os mais reais".
Ele fez sua estréia como ator na Broadway em 1953, com a peça "Picnic". Na segunda metade dos anos 50 "explodiu" como astro de cinema com filmes como "Somebody Up There Likes Me", de 1956. O sucesso continuou em progressão nos anos 60, quando o ator encabeçou produções como "Rebeldia Indomável" (1967) e "Butch Cassidy e Sundance Kid" (1969), ao lado de Robert Redford.
Newman foi indicado cinco vezes ao Oscar, mas só recebeu o prêmio pela primeira vez em 1985.
O ator afirma não estar decepcionado com o cinema de hoje, mas diz pensar duas vezes antes de produzir um filme. "Tudo custa muito caro. Já produzi filmes com menos de US$ 1 milhão. Hoje, um filme de custo médio sai por US$ 30 milhões ou US$ 40 milhões".
Ele também acredita que o envolvimento do elenco era maior há 20 ou 30 anos. "Todos passavam mais tempo juntos, o entrosamento entre o elenco, o diretor e os produtores era bem maior".
Superexposição
A imagem de Paul Newman está por toda parte. Além da carreira cinematográfica, ele é conhecido por sua empresa de alimentos, a "Newman's Own" e pela carreira como piloto de corrida.
Paul Newman venceu quatro vezes o torneio Sports Club of America Championship e atualmente é proprietário da equipe de Fórmula Mundial Newman Has, pela qual corre o brasileiro Christian Fittipaldi. Todo o sucesso faz com que, ao contrário de outros atores, Newman seja facilmente reconhecido pelas gerações mais novas.
"Não há como dizer que não fico feliz com isso". Ele acrescenta que o reconhecimento das crianças é o que mais o diverte.
Conta que foi abordado por um garoto de 10 anos. "Ele perguntou se eu era um astro de cinema. Respondi que sim. Então, perguntou se eu tinha feito 'Rebeldia Indomável' e eu concordei. O garoto pensou um pouco e acrescentou: puxa, é incrível como fazem você parecer mais novo no cinema!".



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.