São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2000


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Atriz é ativista antiestupro

CLÁUDIO CASTILHO
especial para a Folha, em Los Angeles

Dizer que Charlize Theron é a atriz do momento em Hollywood é repetir o que a imprensa americana anunciou em meados da década passada, quando ela surgiu. Mas é impossível negar que essa atriz sul-africana de inquestionável beleza nunca foi o centro de tanta atenção em Hollywood como nos últimos tempos.
"Tenho trabalhado como nunca, é praticamente tudo que faço", reconhece a atriz ao receber a reportagem da Folha num quarto de hotel de Beverly Hills.
Depois de ter trabalhado com alguns dos mais prestigiados talentos do cinema americano, como Al Pacino ("Advogado do Diabo") e Woody Allen ("Celebrity"), Charlize, 24, é Candy em "Regras da Vida", adaptação do romance homônimo de John Irving, que chega à cerimônia do Oscar este ano com sete indicações, entre elas a de melhor filme e a de melhor diretor.
"Eu estava louca para conseguir esse papel. Adoro pessoas que, me desculpe a expressão, fazem merda na vida e tentam dar a volta por cima", diz.
O grande sonho profissional de Charlize Theron, quando morava com os pais na África do Sul, não era o de ser atriz. Ela queria, na realidade, ser bailarina, mas um problema no joelho deixou para trás uma dedicação de quase 16 anos. Foi quando ela desistiu da rápida carreira de modelo e saiu do Joffrey Ballet de Nova York partindo para Los Angeles.
Na capital do cinema americano, Charlize Theron foi descoberta durante uma discussão com um caixa de banco. Charlize chamou a atenção de um agente, que garantiu a estréia da atriz em Hollywood.
"Foi desse jeito mesmo que fui descoberta", conta, depois de tantas outras versões diferentes terem sido publicadas.
O fato é que Charlize não é mais uma loura de parcos dotes intelectuais no mercado. Ela mostra ser uma pessoa inteligente e nas telas já deu provas de competência. Nas horas vagas, quando não está promovendo um churrasco com parentes e amigos, ela dedica seu tempo a uma campanha contra estupro e violência contra mulheres e crianças em seu país.
"Estatísticas apontam que a cada 26 segundos uma mulher é estuprada na África do Sul. Meu país é a capital mundial do estupro por causa de ignorância e completo desprezo do governo. Somos um país com altos índices de transmissão de HIV."
"Muita gente pensou que a libertação de Nelson Mandela fosse garantir respeito aos cidadãos sul-africanos, mas a verdade é que o sistema político de lá não garante a prisão daqueles que cometem crime. Falta educação em meu país", protesta.
Quanto às oportunidades que Charlize tem tido no cinema, porém, não há motivos para protestos. Ela é hoje um dos nomes mais cobiçados em Hollywood aparecendo em cinco novos filmes, entre eles "Reindeer Games", de John Frankenheimer, que estreou semana passada nos Estados Unidos, no qual ela encarna o papel de uma "femme fatale", desta vez ao lado de Ben Affleck.
Ela também faz parte do elenco de "Navy Diver", em que contracena com Robert De Niro, "The Legend of Bagger", de Robert Redford, estrelado por Matt Damon e Will Smith, "The Yards", com Faye Dunaway, e "Sweet November", no qual contracena novamente com o ator Keanu Reeves de "Advogado do Diabo".


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