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Atriz é ativista antiestupro
CLÁUDIO CASTILHO
especial para a Folha, em Los Angeles
Dizer que Charlize Theron é a
atriz do momento em Hollywood
é repetir o que a imprensa americana anunciou em meados da década passada, quando ela surgiu.
Mas é impossível negar que essa
atriz sul-africana de inquestionável beleza nunca foi o centro de
tanta atenção em Hollywood como nos últimos tempos.
"Tenho trabalhado como nunca, é praticamente tudo que faço", reconhece a atriz ao receber a
reportagem da Folha num quarto
de hotel de Beverly Hills.
Depois de ter trabalhado com
alguns dos mais prestigiados talentos do cinema americano, como Al Pacino ("Advogado do
Diabo") e Woody Allen ("Celebrity"), Charlize, 24, é Candy em
"Regras da Vida", adaptação do
romance homônimo de John Irving, que chega à cerimônia do
Oscar este ano com sete indicações, entre elas a de melhor filme
e a de melhor diretor.
"Eu estava louca para conseguir
esse papel. Adoro pessoas que,
me desculpe a expressão, fazem
merda na vida e tentam dar a volta por cima", diz.
O grande sonho profissional de
Charlize Theron, quando morava
com os pais na África do Sul, não
era o de ser atriz. Ela queria, na
realidade, ser bailarina, mas um
problema no joelho deixou para
trás uma dedicação de quase 16
anos. Foi quando ela desistiu da
rápida carreira de modelo e saiu
do Joffrey Ballet de Nova York
partindo para Los Angeles.
Na capital do cinema americano, Charlize Theron foi descoberta durante uma discussão com
um caixa de banco. Charlize chamou a atenção de um agente, que
garantiu a estréia da atriz em
Hollywood.
"Foi desse jeito mesmo que fui
descoberta", conta, depois de
tantas outras versões diferentes
terem sido publicadas.
O fato é que Charlize não é mais
uma loura de parcos dotes intelectuais no mercado. Ela mostra
ser uma pessoa inteligente e nas
telas já deu provas de competência. Nas horas vagas, quando não
está promovendo um churrasco
com parentes e amigos, ela dedica
seu tempo a uma campanha contra estupro e violência contra mulheres e crianças em seu país.
"Estatísticas apontam que a cada 26 segundos uma mulher é estuprada na África do Sul. Meu
país é a capital mundial do estupro por causa de ignorância e
completo desprezo do governo.
Somos um país com altos índices
de transmissão de HIV."
"Muita gente pensou que a libertação de Nelson Mandela fosse garantir respeito aos cidadãos
sul-africanos, mas a verdade é
que o sistema político de lá não
garante a prisão daqueles que cometem crime. Falta educação em
meu país", protesta.
Quanto às oportunidades que
Charlize tem tido no cinema, porém, não há motivos para protestos. Ela é hoje um dos nomes
mais cobiçados em Hollywood
aparecendo em cinco novos filmes, entre eles "Reindeer Games", de John Frankenheimer,
que estreou semana passada nos
Estados Unidos, no qual ela encarna o papel de uma "femme fatale", desta vez ao lado de Ben Affleck.
Ela também faz parte do elenco
de "Navy Diver", em que contracena com Robert De Niro, "The
Legend of Bagger", de Robert
Redford, estrelado por Matt Damon e Will Smith, "The Yards",
com Faye Dunaway, e "Sweet November", no qual contracena novamente com o ator Keanu Reeves de "Advogado do Diabo".
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