CYNARA MENEZES
especial para a Folha

Vestido com sua gravata borboleta e calça de lã e metido num carro esporte em velocidade pelas ruas de Nova York, o ratinho Stuart Little é meio dândi, até meio "mauricinho", mas é legal.
Aliás, a culpa nem é dele de se vestir assim: todos os Little se vestem do mesmo jeito. E é o que acontece com o órfão Stuart quando é adotado pelo casal (Geena Davies e Hugh Laurie) para ser o irmão literalmente pequeno de George (Jonathan Lipnicki, de "Jerry McGuire").
Uma das boas coisas de "O Pequeno Stuart Little" é que ninguém se espanta com a adoção de um rato por uma família humana, e muito menos com o fato de que seja um animal falante, como nas fábulas de La Fontaine.
Afinal, o roteiro se inspirou em um livro ("Stuart Little", de E.B. White) e tudo no filme evoca os contos de fadas. A casa antiga encravada entre edifícios; o castelo onde Stuart vai morar quando aparecem seus "verdadeiros" pais; o próprio figurino antiquado; a "moral" da história: não discriminar pessoas por serem diferentes e saber amá-las.
Ao mesmo tempo, o nível alcançado com a animação (indicada ao Oscar de melhores efeitos) aponta para o futuro.
Esqueça os bonecos ridículos de "Guerra nas Estrelas: A Ameaça Fantasma": Stuart Little convence como rato, tem volume, parece ser tátil, real, e mostra um avanço incrível em relação ao filme de George Lucas, mesmo porque tem o mesmo supervisor de efeitos, John Dykstra.
As crianças (e os adultos, por que não?) brasileiras que preferirem a versão dublada vão perder as vozes de Michael J. Fox como Stuart ou de Chazz Palminteri como Smokey, mas não terão do que reclamar.
A dublagem é um dos grandes trunfos do filme. Rodrigo Santoro fez o ratinho, mas é Miguel Falabella quem rouba a cena como o gato Snowbell, o grande vilão da história, responsável por meter o pobre rato, seu "dono", nas maiores enrascadas.

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