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FAMÍLIA GUIMARAENS
"É um dos sonetos mais bonitos do simbolismo brasileiro", diz Alexei Bueno
"Poesia Completa" traz obra inédita
DO ENVIADO AO RIO
"É um dos sonetos mais bonitos
do simbolismo brasileiro e talvez
da nossa poesia." A frase comenta
o poema publicado aqui ao lado.
O dono dessa voz grave, é bom
que se esclareça, não está em nenhum dos galhos da frondosa árvore da família Guimaraens.
Quem fala é o poeta e ensaísta
Alexei Bueno, que, além de trabalhar na reunião da "Poesia Completa" de Alphonsus de Guimaraens, que a Nova Aguilar está
lançando, foi um dos artífices da
publicação pela mesma editora
das "Obras Completas" de Cruz e
Sousa, o outro grande simbolista.
Bueno não poupa nenhum elogio a Guimaraens ("É o maior
poeta religioso da poesia brasileira") e atribui o certo desconhecimento que reveste hoje a obra dele à dificuldade de sua poética.
"Simbolismo nunca deu popularidade", comenta.
Alphonsus de Guimaraens Filho não é um simbolista (foi classificado por Alfredo Bosi como
um poeta situado entre a primeira
geração modernista e a chamada
Geração de 45), mas está em sintonia com Bueno: "Bandeira me
disse uma vez: "Poesia não dá dinheiro, mas ajuda o poeta a ganhar".".
Alphonsus concorda. "Fui assessor de Juscelino Kubitschek
por oito anos e sei que ele não me
chamou pelos meus belos olhos,
mas pelo meu texto", brinca.
Ultimamente, Guimaraens Filho andava meio ressabiado com
a poesia. Mas descobriu que não
escaparia dela e lançou recentemente seu 18º livro (o primeiro
deles, "Lume de Estrelas", virou
até nome de rua no Rio). "Não se
consegue fugir. Isso é uma perseguição. Outro dia uma amiga me
perguntou se eu era feliz por ser
poeta. Não me cabe ser feliz ou
não, devo obedecer ao decreto."
Entre seus orgulhos, está, além
do casamento de 58 anos com
Hymirene, frisa ele, o fato de que
tem três netos que também seguem o mandamento: "São poetas de verdade", fala com a boca
cheia. São eles Augusto, Domingos e Francisco, cada um deles filho de um de seus três filhos. O
trio de aspirantes a poetas inclusive já tornou pública parte de sua
jovem produção.
"Eles três já publicaram na revista "Poesia Paratodos", aqui do
Rio", conta Afonso Henriques
Neto, pai de Francisco, 23, que
nasceu dois anos depois de sua
obra mais famosa, "O Misterioso
Ladrão de Tenerife", marco da literatura marginal reeditado no
ano passado pela 7 Letras.
Henriques diz que decidiu não
usar o Alphonsus que seu pai e
avô adotaram como pseudônimo
para "evitar confusão".
Por outros motivos, de concisão, outra integrante da família
Guimaraens também deixou para
trás esse sobrenome (no seu caso
grafado ainda como Guimarães).
É a escritora e colunista da Folha Nina Horta, sobrinha-neta de
Alphonsus de Guimaraens (leia
texto abaixo).
A poesia de Horta seguiu um
galho diferente da maioria dos parentes. A qualidade poética de seu
escrito está hoje voltado principalmente para a crítica gastronômica.
(CEM)
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