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ARTES PLÁSTICAS
Museu expõe 200 peças recolhidas pela arquiteta para debater a importância do design brasileiro
Acervo subversivo de Lina vai à Pinacoteca
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A italiana radicada no Brasil Lina Bo Bardi (1914-1992) foi uma
das intelectuais que mais lutaram
pelo fim da polarização entre arte
popular e erudita. A partir de hoje, a Pinacoteca apresenta as obras
do acervo de Lina, que serviram
como bandeira para a defesa de
suas idéias. Cerca de 200 peças,
entre quadros, tapeçarias e cerâmicas, recolhidas especialmente
no Nordeste do país, estão expostas em "O Design no Impasse".
Essas peças já circularam bastante. Em 59, elas formaram o
módulo "Exposição Bahia" na 5ª
Bienal de São Paulo. Depois, algumas fizeram parte da exposição
"Civilização do Nordeste", que
abriu o Museu de Arte Moderna,
em 63, no Solar do Unhão, em Salvador, restaurado por Lina.
A estação seguinte da mostra seria a Galeria de Arte Moderna, em
Roma, em 64, mas foi proibida
pela Embaixada do Brasil que a
julgou "subversiva". Já em 69, Lina expôs as peças no Masp, museu que projetou, na histórica
mostra "A Mão do Povo Brasileiro". Hoje, essas peças fazem parte
do acervo do Instituto Lina Bo e P.
M. Bardi e, em 97, foram vistas em
Milão, Roma e Cidade do México.
"Apesar de italiana, originária
de outra cultura, Lina é uma das
pessoas que mais defendiam a
cultura nacional", diz Emanoel
Araujo, diretor da Pinacoteca e
curador da mostra.
"A arquiteta acreditava que o
Brasil era dos poucos países, ao lado de Japão e Finlândia, a montar
um parque industrial a partir da
cultura local", conta o arquiteto
Marcelo Ferraz, também curador
da mostra e ex-assistente de Lina.
A arquiteta chegou a criar um livro para defender suas idéias, mas
achava que elas não encontrariam
respaldo no país e desistiu do projeto. Apenas após a sua morte, o
instituto publicou o livro, com o
mesmo nome da mostra em cartaz e à venda na Pinacoteca.
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