DA REPORTAGEM LOCAL

O artista plástico Carlos Scliar continua a comemorar seus 80 anos hoje na Pinacoteca. As homenagens começaram em dezembro passado, com a exposição "Pinturas Recentes", no Museu Nacional de Belas Artes, do Rio, que chega agora a São Paulo. A exposição, com curadoria do diretor do museu, Emanoel Araujo, apresenta duas fases de Scliar: obras dos anos 40 e trabalhos recentes, num total de 27 peças, entre pinturas e colagens.
"É um contraponto entre um então jovem artista e a ousadia de suas produções nos últimos anos", conta Araujo. De fato, o destaque das novas obras é o lirismo e a predominância de cores fortes, ausentes na obra do jovem Scliar de 60 anos atrás.
"Fiquei mais jovem", brinca o artista. "É minha obrigação rever tudo o que conheci. A cor é um dos elementos que já vinham ganhando espaço em meu trabalho, e esta exposição apenas explicita isso", diz ainda Scliar.
As novas obras são feitas com colagens: textos e partituras formam imagens, bastante próximas da estética cubista. "Sou um artista com uma linguagem muito voltada às artes gráficas, e as soluções que apresento agora são resultado de descobertas permanentes."
A influência das artes gráficas é inegável em suas produções. Elas são fruto, em grande parte, do trabalho como diretor de arte da revista "Senhor", que Scliar exerceu de 58 a 60. Antes, o artista já havia trabalhado em vários jornais do Rio Grande do Sul, seu Estado natal. "Fiz vários trabalhos de edição; foi após ter saído da "Senhor" que voltei à atividade de pintor e defini os rumos que sigo até hoje."
Entre os trabalhos recentes, Araujo selecionou também peças do álbum de serigrafias "1500/ 2000 - A Redescoberta do Brasil", uma coletânea também em forma de colagens, que faz uma leitura política dos 500 anos do país, com várias citações. (FCY)