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Artistas, ativistas e teóricos da web se encontram em SP para discutir os rumos da cultura do novo milênio
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Piratas de dados
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Tem a ver com internet e comunidades em rede, com software livre e inteligência coletiva; tem a
ver com ativismo digital e performances de rua, com web arte e
práticas de anticopyright. O Mídia Tática Brasil, megafórum internacional que tem início em São
Paulo nesta sexta-feira com um
debate sobre inclusão digital mediado pelo ministro da Cultura,
Gilberto Gil, tem a ver com tudo
isso e mais um pouco.
"A idéia era justamente misturar ação política com produção
cultural e transformar a teoria crítica em uma coisa pop", explica
Ricardo Rosas, 33, um dos idealizadores do evento e editor do site
Rizoma (www.rizoma.net), destacando a relação deste Mídia Tática Brasil com o Next 5 Minutes,
similar holandês que acontece
desde 96, reunindo integrantes da
lista de discussões Nettime, sobre
teoria e prática engajada na rede.
Apesar de sua característica independente -da mobilização
dos contatos à discussão dos temas e das mesas de debates tudo
foi feito pela internet, na base da
camaradagem e do faça-você-mesmo-, o projeto conquistou
rapidamente a adesão dos peixes
grandes Sesc, Senac, Fundação Japão, do museu Casa das Rosas e
do Ministério da Cultura. "À primeira vista pode ter essa aparência subversiva, de que a gente está
contra algo, mas na verdade é um
projeto de abraçar causas, de fazer
com que as pessoas tomem contato com a nova produção digital e
artística. É uma proposta altamente inclusiva", defende Giseli
Vasconcelos, 27, artista plástica,
coordenadora do site Play
(www.pl4y.com.br) e integrante
do coletivo Baderna.
A programação é extensa (veja
parte dela ao lado). Além da pré-abertura do evento, quando Gil e
Rosas debatem o tema comunidades em rede com o norte-americano John Perry Barlow, do
Electronic Frontier Foundation,
um dos pioneiros e principais defensores do uso artístico/político
da rede, e o inglês Richard Barbrook, coordenador do Centro de
Pesquisas em Hipermídia da Universidade de Westminster, vale
destacar as palestras de Derek
Holzer, idealizador do Next 5 Minutes (13/3) e as discussões sobre
arte engajada, com os grupos Bijari e A Revolução Não Será Televisionada (14/3), ciberativismo,
com o Centro de Mídia Independente e o coletivo Metáfora (15/3),
e produção musical independente, com jornalistas e músicos do
setor (16/3). Outra oportunidade
única é a palestra de Fran Illich,
editor da revista "Sputnik", roteirista e organizador de festivais
cyber no México.
Dia 13 marca também o início
da "ocupação" da Casa das Rosas.
Durante quatro dias, os três andares do museu serão tomados por
instalações, exposições e mostras
de vídeo. Fora da casa, o circo
continua: batucadas, bicicletadas,
teatro situacionista... O caráter
festivo segue com a rave urbana
Temp, pocket shows do selo
LSDiscos e apresentações de DJs
do projeto Interfusion.
Textos, fotos, vídeos e todo o
material produzido durante o
evento serão reunidos e disponibilizados on-line para a próxima
edição do Next 5 Minutes, em setembro deste ano. Eis a revolução
da geração do blog, não televisionada, mas digitalizada.
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