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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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Artistas, ativistas e teóricos da web se encontram em SP para discutir os rumos da cultura do novo milênio


Piratas de dados

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Tem a ver com internet e comunidades em rede, com software livre e inteligência coletiva; tem a ver com ativismo digital e performances de rua, com web arte e práticas de anticopyright. O Mídia Tática Brasil, megafórum internacional que tem início em São Paulo nesta sexta-feira com um debate sobre inclusão digital mediado pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, tem a ver com tudo isso e mais um pouco.
"A idéia era justamente misturar ação política com produção cultural e transformar a teoria crítica em uma coisa pop", explica Ricardo Rosas, 33, um dos idealizadores do evento e editor do site Rizoma (www.rizoma.net), destacando a relação deste Mídia Tática Brasil com o Next 5 Minutes, similar holandês que acontece desde 96, reunindo integrantes da lista de discussões Nettime, sobre teoria e prática engajada na rede.
Apesar de sua característica independente -da mobilização dos contatos à discussão dos temas e das mesas de debates tudo foi feito pela internet, na base da camaradagem e do faça-você-mesmo-, o projeto conquistou rapidamente a adesão dos peixes grandes Sesc, Senac, Fundação Japão, do museu Casa das Rosas e do Ministério da Cultura. "À primeira vista pode ter essa aparência subversiva, de que a gente está contra algo, mas na verdade é um projeto de abraçar causas, de fazer com que as pessoas tomem contato com a nova produção digital e artística. É uma proposta altamente inclusiva", defende Giseli Vasconcelos, 27, artista plástica, coordenadora do site Play (www.pl4y.com.br) e integrante do coletivo Baderna.
A programação é extensa (veja parte dela ao lado). Além da pré-abertura do evento, quando Gil e Rosas debatem o tema comunidades em rede com o norte-americano John Perry Barlow, do Electronic Frontier Foundation, um dos pioneiros e principais defensores do uso artístico/político da rede, e o inglês Richard Barbrook, coordenador do Centro de Pesquisas em Hipermídia da Universidade de Westminster, vale destacar as palestras de Derek Holzer, idealizador do Next 5 Minutes (13/3) e as discussões sobre arte engajada, com os grupos Bijari e A Revolução Não Será Televisionada (14/3), ciberativismo, com o Centro de Mídia Independente e o coletivo Metáfora (15/3), e produção musical independente, com jornalistas e músicos do setor (16/3). Outra oportunidade única é a palestra de Fran Illich, editor da revista "Sputnik", roteirista e organizador de festivais cyber no México.
Dia 13 marca também o início da "ocupação" da Casa das Rosas. Durante quatro dias, os três andares do museu serão tomados por instalações, exposições e mostras de vídeo. Fora da casa, o circo continua: batucadas, bicicletadas, teatro situacionista... O caráter festivo segue com a rave urbana Temp, pocket shows do selo LSDiscos e apresentações de DJs do projeto Interfusion.
Textos, fotos, vídeos e todo o material produzido durante o evento serão reunidos e disponibilizados on-line para a próxima edição do Next 5 Minutes, em setembro deste ano. Eis a revolução da geração do blog, não televisionada, mas digitalizada.


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