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OUTRA FREQÜÊNCIA
FM faz "operação caça-talento" no teatro para ampliar humor
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Jovem Pan FM montou
uma "operação caça-talentos" em grupos de teatro. Em décimo lugar no ranking do Ibope, a
emissora pretende descobrir novos comediantes a fim de criar um
ou mais programas de humor.
A razão dessa aposta é o bom
desempenho dos quadros originários da peça "Cócegas" -o da
adolescente Thati (Heloísa Périssé) e o das Cachorras (ela e Ingrid
Guimarães). No ar desde setembro, agradam a 90% dos ouvintes,
segundo pesquisa interna.
"Cócegas" ficou em cartaz por
três anos no teatro-até antes
deste Carnaval- e foi vista por
mais de 350 mil pessoas. Thati,
uma de suas personagens, migrou
para o "Fantástico" (Globo).
Na Pan, são sete edições diárias,
com dois minutos cada uma.
"Nós só não transformamos em
um programa maior porque as
duas (Périssé e Guimarães) estão
em vários projetos e não têm tempo", afirma Luiz Augusto Alper,
43, diretor artístico da Pan.
Sua intenção é ampliar o humor
na programação, já que as maiores audiências são registradas pelos cômicos "Paulo Jalaska" e "Pânico" -que ganhou versão televisiva aos domingos na Rede TV!.
Alper era o diretor artístico da
89 FM quando estourou o fenômeno humorístico "Os Sobrinhos
do Athaíde" (1995-1999), com seu
surfista Peterson Foca. Também
nessa época, a rádio absorveu da
televisão o caricato repórter Ernesto Varela (Marcelo Tas).
"Precisamos de novos comediantes e não estamos vendo nada
nascendo no próprio rádio. Por
isso vamos procurá-los no teatro.
Queremos encontrar pequenos
grupos capazes de criar, produzir
e atuar. Já temos alguns na mira,
que gravaram pilotos [testes]",
diz o diretor artístico da Pan.
"Mas nem tudo que funciona no
palco ou na TV dá certo no rádio.
A busca deve ser cuidadosa."
A relação entre dial e teatro já foi
intensa, principalmente na chamada "era de ouro" do rádio (décadas de 40 e 50). "Havia a radionovela, embrião da novela da TV,
e o radioteatro, comparável às minisséries televisivas", diz Mario
Fanucchi, 79, que já atuou como
professor da USP, locutor da Tupi
e da Difusora, e diretor artístico
da Jovem Pan e TV Cultura.
Segundo ele, as radionovelas tinham histórias simples, para
agradar a maioria do público. Já
os radioteatros contavam com
produções mais sofisticadas e
adaptavam textos clássicos, a fim
de atingir o ouvinte mais intelectual. "Nos anos 40, Walter George
Durst [1922-1997, pioneiro da
TV] comandava na rádio Tupi o
famoso "Cinema em Casa", clássico do radioteatro. Adaptava para
o rádio até filmes do Hitchcock."
@ - laura@folhasp.com.br
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