São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRA FREQÜÊNCIA

FM faz "operação caça-talento" no teatro para ampliar humor

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Jovem Pan FM montou uma "operação caça-talentos" em grupos de teatro. Em décimo lugar no ranking do Ibope, a emissora pretende descobrir novos comediantes a fim de criar um ou mais programas de humor.
A razão dessa aposta é o bom desempenho dos quadros originários da peça "Cócegas" -o da adolescente Thati (Heloísa Périssé) e o das Cachorras (ela e Ingrid Guimarães). No ar desde setembro, agradam a 90% dos ouvintes, segundo pesquisa interna.
"Cócegas" ficou em cartaz por três anos no teatro-até antes deste Carnaval- e foi vista por mais de 350 mil pessoas. Thati, uma de suas personagens, migrou para o "Fantástico" (Globo).
Na Pan, são sete edições diárias, com dois minutos cada uma. "Nós só não transformamos em um programa maior porque as duas (Périssé e Guimarães) estão em vários projetos e não têm tempo", afirma Luiz Augusto Alper, 43, diretor artístico da Pan.
Sua intenção é ampliar o humor na programação, já que as maiores audiências são registradas pelos cômicos "Paulo Jalaska" e "Pânico" -que ganhou versão televisiva aos domingos na Rede TV!.
Alper era o diretor artístico da 89 FM quando estourou o fenômeno humorístico "Os Sobrinhos do Athaíde" (1995-1999), com seu surfista Peterson Foca. Também nessa época, a rádio absorveu da televisão o caricato repórter Ernesto Varela (Marcelo Tas).
"Precisamos de novos comediantes e não estamos vendo nada nascendo no próprio rádio. Por isso vamos procurá-los no teatro. Queremos encontrar pequenos grupos capazes de criar, produzir e atuar. Já temos alguns na mira, que gravaram pilotos [testes]", diz o diretor artístico da Pan. "Mas nem tudo que funciona no palco ou na TV dá certo no rádio. A busca deve ser cuidadosa."
A relação entre dial e teatro já foi intensa, principalmente na chamada "era de ouro" do rádio (décadas de 40 e 50). "Havia a radionovela, embrião da novela da TV, e o radioteatro, comparável às minisséries televisivas", diz Mario Fanucchi, 79, que já atuou como professor da USP, locutor da Tupi e da Difusora, e diretor artístico da Jovem Pan e TV Cultura.
Segundo ele, as radionovelas tinham histórias simples, para agradar a maioria do público. Já os radioteatros contavam com produções mais sofisticadas e adaptavam textos clássicos, a fim de atingir o ouvinte mais intelectual. "Nos anos 40, Walter George Durst [1922-1997, pioneiro da TV] comandava na rádio Tupi o famoso "Cinema em Casa", clássico do radioteatro. Adaptava para o rádio até filmes do Hitchcock."

@ - laura@folhasp.com.br


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Academia: Ivan Junqueira assume ABL "musculosa"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.