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Categoria tenta recuperar moral dos anos 50 a 70
DA REPORTAGEM LOCAL
É voz corrente que os votantes da categoria de filme em língua estrangeira têm, quase todos, os cabelos brancos. Isso
acontece porque, ao contrário
dos filmes hollywoodianos, que
entram em cartaz no correr do
ano, os internacionais costumam chegar aos EUA só depois
da inscrição no Oscar. Dado o
volume de filmes a serem vistos
num curto período, reza a lenda
que só os aposentados da Academia encaram a missão.
Se, entre os anos 1950 e 1970,
as estatuetas foram parar nas
mãos de Federico Fellini, Ingmar Bergman e Luís Buñuel,
dos anos 1990 em diante a categoria foi perdendo a relevância.
Ciente disso, a Academia criou,
há dois anos, um novo sistema
de votação. O processo inicia-se
com a divisão dos inscritos em
quatro grupos. Para votar, é
preciso ter visto 80% dos filmes
- são agendadas exibições em
Nova York e Los Angeles. Desse
turno, saem os seis mais votados. Além disso, uma comissão
especial escolhe outros três títulos. Forma-se assim uma lista com nove obras. Da última
rodada, saem os cinco indicados.
Antes da mudança nas regras, certas omissões não passaram desapercebidas. Em
2006, "A Criança", dos irmãos
Dardenne, foi ignorado nas indicações e, no fim, o contundente palestino "Paradise
Now", sobre homens-bomba,
perdeu para o inexpressivo sul-africano "Tsotsi". Dois dos ganhadores de Cannes, em 2007,
o romeno "Quatro Meses, Três
Semanas e Dois Dias" e "Do
Outro Lado", do turco Fatih
Akin, ficaram de fora.
Os concorrentes são indicados pelos países de origem. Alguns têm uma espécie de academia local. Outros, como o
Brasil, criam comissões. Aqui,
os cinco votantes são indicados
pelo Ministério da Cultura e,
não raro, as decisões são polêmicas. Nos últimos anos, diretores de repercussão internacional, como Walter Salles e
Fernando Meirelles, sequer
submeteram "Linha de Passe"
e "Ensaio sobre a Cegueira" à
seleção. Os populares "Se Eu
Fosse Você 2" e "Os Normais 2"
também não se inscreveram.
A pergunta que costuma causar desconforto entre os votantes é: deve ser indicado o filme
com mais chances ou o melhor
filme? O impasse sobre os critérios não é exclusivo do Brasil.
Neste ano, na Itália, a decisão
de mandar a superprodução
"Baaria", de Giuseppe Tornatore, no lugar de "Vincere", de
Marco Bellochio, foi criticada
por lá. A Espanha, antes, tinha
deixado dois filmes de Pedro
Almodóvar, "Fale com Ela" e
"Má Educação", fora do páreo.
(APS)
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