São Paulo, terça, 3 de março de 1998

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O teatro da solidão vem do Rio

Divulgação
O ator Diogo Vilela, que interpreta burocrata russo na peça "Diário de um Louco", baseada em conto de Nikolai Gogol


NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

São dois artistas que, em salas apertadas, de câmara, ergueram ano no passado dois espetáculos contrários à avassaladora comercialização televisiva do teatro carioca -e foram saudados com platéias lotadas, longas temporadas e louvor da imprensa.
Diogo Vilela na Casa da Gávea, com um monólogo que ele próprio entendia ser, de início, pouco mais do que um estudo. Gilberto Gawronski na Casa de Cultura Laura Alvim, com um monólogo abertamente "off'' sobre um travesti, talvez uma prostituta, num desabafo sobre o que é estar ''olhando de fora'', isolado, solitário.
''Diário de um Louco'', adaptado de um conto de Nikolai Gogol, com Diogo Vilela, estréia em São Paulo quinta-feira, no teatro Cultura Artística. "A Dama da Noite'', adaptado de um conto de Caio Fernando Abreu, com Gilberto Gawronski, estréia domingo no Centro Cultural São Paulo.
Vilela chega à cidade logo depois de receber, pela segunda vez seguida, o prêmio Shell de melhor ator do Rio. Em 96, foi premiado com ''O Metralha'', musical em que interpretava Nelson Gonçalves. Em 97, com o Propritchitchine de ''Diário de um Louco''.
Num cenário mínimo, ele apresenta passo a passo o caminho de um burocrata russo -do sonho romântico criado para enfrentar a solidão da realidade até a esquizofrenia e o manicômio.
É dramático, mas é também de grande humor, próprio do comediante de primeira ordem, com requintes de tragédia, que Vilela já provou ser em outros momentos.
Nos últimos dois anos, ele esteve no palco, em São Paulo, com ''Navalha na Carne'', de Plínio Marcos, e ''Não se Fuma em Cingapura'', quadro de Vicente Pereira incluído em '''5 x Comédia''.
Gawronski, que ficou em cartaz por cinco meses no Rio, chegou a fazer uma apresentação de "A Dama da Noite'' no projeto Babel, do Sesc, em São Paulo. Além de ''Dama'', traz outras duas peças de sua companhia, Art in Obra, para uma mostra no Centro Cultural.
A principal é ''Na Solidão dos Campos de Algodão'', do francês Bernard-Marie Koltés, em que Gawronski, também diretor da peça, contracena com Ricardo Blat, no que pode ser descrito como a justaposição das leis do mercado àquelas da paixão.



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