SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O quadro "Mulher com Galinhas" (1925), de Vicente do Rego Monteiro, foi arrematado por R$ 800 mil no primeiro leilão da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro deste ano, realizado anteontem no salão nobre do hotel Copacabana Palace.
O quadro, estimado em R$ 700 mil, foi vendido a partir de um lance único, feito por telefone. A estimativa do valor de "Mulher com Galinhas" era alta por conta da raridade da obra, de características art déco e tema indígena, pertencente ao período modernista -do qual Rego Monteiro (1899-1970) é um dos mais importantes representantes.
"Uma obra do autor, datada desse período, não aparecia em leilões há, pelo menos, cinco anos", diz Jones Bergamin, um dos diretores da Bolsa de Arte.
Apesar da recente baixa do dólar e da alta da Bolsa de Valores, quesitos que influem positivamente na compra e venda de obras de arte -a moeda americana é usada como referência nas transações-, os organizadores estavam apreensivos com o resultado do leilão como um todo. Além da guerra no Iraque, havia ainda receios quanto ao comportamento do mercado na era Lula.
Mas, ao final, as expectativas foram superadas. "Foi um excelente resultado. As pessoas realmente disputaram as obras lance a lance. Elas voltaram a investir em obra de arte, voltaram a ver nela um ativo muito atrativo", diz o diretor.
Obras de Ismael Nery, Manabu Mabe, Alfredo Volpi e Tomie Ohtake foram bastante concorridas. "Esse período e esses autores andavam um pouco esquecidos. Nos últimos leilões, estavam voltando a aparecer e o leilão serviu para a consolidação dessa tendência de interesse dos compradores", afirma Bergamin.


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