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Lucio Mauro contracena com filhos em peça
"O humor brasileiro está falido", diz ator veterano, cuja internação serviu de base a "Lucio 80-30", espetáculo que estreia hoje em SP
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando Lucio Mauro Filho
(o Tuco de "A Grande Família")
estreou na TV, no humorístico
"Zorra Total", ouviu de Chico
Anysio: "A única coisa errada é
o peso do nome que você carrega". Ao que o jovem retrucou:
"Mas sou eu o verdadeiro Lucio
Mauro. Meu pai é Lucio Barbalho. O Mauro é só artístico".
Pois o "Mauro artístico" e o
"de nascença" dividem a cena
pela primeira vez em "Lucio
80-30", peça que estreia em São
Paulo hoje. A dramaturgia, assinada por Filho, 34, parte de
um episódio real: a internação
do pai, há cerca de dois anos,
por problemas gástricos.
"Nunca tinha adoecido. Pensei que iria só tomar uma pílula,
mas você sabe como médico
gosta de um exame. E quem
procura acha. Acabei ficando 12
dias em observação", lembra
Lucio Mauro, 82.
Filho, então, se deu conta de
que nunca atuara ao lado do
pai. Sugeriu fazerem uma peça
e começou a esboçar o texto. O
espetáculo reproduz essa construção gradativa do enredo,
num quarto de hospital.
A dramaturgia passeia por
memórias do ator veterano sobre sua Belém natal, o poema
"Monólogo das Mãos", que o
celebrizou, e o acidente que
matou seu grande incentivador, o diretor Mário Salaberry,
e lhe deixou marcas no rosto.
Emoção até no humor
À nostalgia casa-se o humor
das imitações de Filho e das intervenções dos médicos e enfermeiras que tratam do paciente, vividos por Alexandre
Barbalho e Luly Barbalho, também filhos de Lucio Mauro.
"Sou um pouco emocional,
até no humor", define-se ele,
espelhando o tom da peça.
"Não gosto deste humor de cair
no chão, dar tapa no outro. Gosto das pausas, sou mais engraçado quando estou calado."
O falatório do "CQC" e "Pânico" da TV atual nada lhe diz.
"Dou graças a Deus por já estar
no final e não ter de passar por
eles. Para fazer humor, tem de
fazer graça. Se você se lembrar
de uma graça que eles fizeram,
me conte. O humor brasileiro
está falido. Não existe redação,
faltam bons roteiristas."
Tirar da geladeira Chico Anysio e sua "Escolinha do Professor Raimundo", em que Lucio
Mauro encarnava o puxa-saco
Aldemar Vigário, remediaria a
situação? "Sim, sem dúvida.
Chico é o maior intérprete de
texto do Brasil", diz o ator.
Enquanto não recomeçam as
aulas, Lucio Mauro, o mais novo seriemaníaco da praça, enturma-se com os presidiários
em fuga de "Prison Break" e os
ilhotas de "Lost". "Também
sou fã daquele baixinho [Jack
Bauer] de "24 Horas'", entrega.
LUCIO 80-30
Quando: estreia hoje; sex., às 21h30;
sáb. e dom., às 20h; até 31/5
Onde: teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618, 2º piso, tel. 0/xx/11/3823-2323)
Quanto: R$ 50 a R$ 60
Classificação: não indicado a menores
de 14 anos
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