São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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Lucio Mauro contracena com filhos em peça

"O humor brasileiro está falido", diz ator veterano, cuja internação serviu de base a "Lucio 80-30", espetáculo que estreia hoje em SP

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando Lucio Mauro Filho (o Tuco de "A Grande Família") estreou na TV, no humorístico "Zorra Total", ouviu de Chico Anysio: "A única coisa errada é o peso do nome que você carrega". Ao que o jovem retrucou: "Mas sou eu o verdadeiro Lucio Mauro. Meu pai é Lucio Barbalho. O Mauro é só artístico".
Pois o "Mauro artístico" e o "de nascença" dividem a cena pela primeira vez em "Lucio 80-30", peça que estreia em São Paulo hoje. A dramaturgia, assinada por Filho, 34, parte de um episódio real: a internação do pai, há cerca de dois anos, por problemas gástricos.
"Nunca tinha adoecido. Pensei que iria só tomar uma pílula, mas você sabe como médico gosta de um exame. E quem procura acha. Acabei ficando 12 dias em observação", lembra Lucio Mauro, 82.
Filho, então, se deu conta de que nunca atuara ao lado do pai. Sugeriu fazerem uma peça e começou a esboçar o texto. O espetáculo reproduz essa construção gradativa do enredo, num quarto de hospital.
A dramaturgia passeia por memórias do ator veterano sobre sua Belém natal, o poema "Monólogo das Mãos", que o celebrizou, e o acidente que matou seu grande incentivador, o diretor Mário Salaberry, e lhe deixou marcas no rosto.

Emoção até no humor
À nostalgia casa-se o humor das imitações de Filho e das intervenções dos médicos e enfermeiras que tratam do paciente, vividos por Alexandre Barbalho e Luly Barbalho, também filhos de Lucio Mauro. "Sou um pouco emocional, até no humor", define-se ele, espelhando o tom da peça.
"Não gosto deste humor de cair no chão, dar tapa no outro. Gosto das pausas, sou mais engraçado quando estou calado." O falatório do "CQC" e "Pânico" da TV atual nada lhe diz. "Dou graças a Deus por já estar no final e não ter de passar por eles. Para fazer humor, tem de fazer graça. Se você se lembrar de uma graça que eles fizeram, me conte. O humor brasileiro está falido. Não existe redação, faltam bons roteiristas."
Tirar da geladeira Chico Anysio e sua "Escolinha do Professor Raimundo", em que Lucio Mauro encarnava o puxa-saco Aldemar Vigário, remediaria a situação? "Sim, sem dúvida. Chico é o maior intérprete de texto do Brasil", diz o ator.
Enquanto não recomeçam as aulas, Lucio Mauro, o mais novo seriemaníaco da praça, enturma-se com os presidiários em fuga de "Prison Break" e os ilhotas de "Lost". "Também sou fã daquele baixinho [Jack Bauer] de "24 Horas'", entrega.


LUCIO 80-30

Quando: estreia hoje; sex., às 21h30; sáb. e dom., às 20h; até 31/5
Onde: teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618, 2º piso, tel. 0/xx/11/3823-2323)
Quanto: R$ 50 a R$ 60
Classificação: não indicado a menores de 14 anos



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