Baseado no livro homônimo do médico e escritor, espetáculo retoma parceria entre o drama e a fatalidade

"Por um Fio" tem elementos cênicos que produzem significados alegóricos; montagem estreia hoje no teatro Sesc Anchieta

DA REPORTAGEM LOCAL

"Por um Fio", peça baseada no livro homônimo do médico e escritor Drauzio Varella, colunista da Folha, é uma variação de uma milenar parceria entre o drama e a fatalidade. A estreia nacional ocorreu há dez dias, no Festival de Curitiba, ainda em clima de ensaio geral.
Das 11 histórias de pacientes terminais narradas, mais da metade tem o potencial de levar o público a uma emoção profunda. Em vez da habitual curva dramática que se intensifica aos poucos, até o momento da catarse, o espetáculo propõe uma espiral de vários momentos catárticos que se encerram como se fossem células autônomas.
Consagrado contador de casos, tendo já inspirado adaptações para cinema e teatro com seus relatos das experiências vividas no extinto presídio do Carandiru, Varella encontra na situação teatral -atores ao vivo diante do público- um ambiente propício para desenvolver sua verve de narrador.
A encenação de Moacyr Chaves optou por se servir dos textos como no livro. Há, no entanto, uma tendência a tratá-los literariamente, com os elementos cênicos que produzem significados alegóricos, como o outono das vidas e a solidão da velhice. Eles estão apresentados através da cenografia de J.C. Serroni -uma foto ampliada de um bosque outonal ao fundo, vários bancos de praça vazios e árvores sem folhas.
No palco, Regina Braga e Rodolfo Vaz, dois atores premiados, usam a experiência para obter os efeitos esperados e prender a atenção do público.