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Redes ainda não estão preparadas
da Reportagem Local
Tirando a Globo, todas as redes
de televisão do país estão despreparadas para produzir filmes.
E mesmo a Globo, pelo menos
oficialmente, ainda não demonstra interesse em produzir filmes
usando recursos públicos, assumindo a responsabilidade de alavancar o cinema nacional.
Em 97, a emissora criou a Globo
Filmes, que até agora co-produziu
cinco obras -"Simão, o Fantasma Trapalhão" e o "O Trapalhão
e a Luz Azul", com a Renato Aragão Produções; "Zoando na TV",
com a Angélica Produções Artísticas; "Orfeu", com a Rio Vermelho"; e "Bossa Nova", com a L.C.
Barreto e a Columbia/Sony.
"A intenção da Globo Filmes é
estabelecer parcerias com os produtores nacionais. Ainda assim, a
participação da Globo Filmes no
mercado é proporcionalmente
pequena, em relação à média de
30 produções por ano realizadas
no Brasil", diz Claudia Quaresma,
diretora da Central Globo de Projetos Temáticos e Licenciamento,
unidade à qual está subordinada a
Globo Filmes.
Segundo ela, a participação da
Globo no mercado cinematográfico "depende de sua capacidade
criativa e de encontrar bons roteiros, equipe técnica de qualidade e
parceiros de interesse, sem depender de leis de incentivo, ou seja, depende de um mercado forte
e ativo economicamente". Em entrevista por e-mail, a diretora não
respondeu sobre as mudanças
propostas pelo governo.
Claudia Quaresma afirma ainda
que o objetivo da empresa é "reforçar a indústria cinematográfica nacional", produzindo de quatro a seis filmes por ano e privilegiando o elenco e os recursos da
Globo.
Segunda maior rede de TV do
Brasil, o SBT ainda engatinha na
produção de telenovelas, mas
acha "interessante" a idéia de fazer filmes com recursos públicos.
Até agora, a única contribuição
da emissora ao cinema nacional
foi o co-patrocínio do filme "O
Dia da Caça", de Alberto Graça,
no qual injetou R$ 500 mil.
A Record, assim como o SBT,
ainda não domina a produção de
telenovelas. Uma de suas estrelas,
a apresentadora infantil Eliana,
prepara-se para protagonizar seu
primeiro filme.
Para Rodrigo Saturnino, gerente-geral da distribuidora Columbia-Buena Vista, "a proposta do
governo pode contribuir para o
resgate da linha popular do cinema brasileiro", como na época da
Vera Cruz e nos anos 70. "O grosso da produção atual é autoral e
desconectada do mercado, apenas para um público adulto."
"A TV aberta, em 30 anos, não
possibilitou que o cinema nacional se viabilizasse como produto,
porque ele não circula pelos 38
milhões de aparelhos de TV do
país. Além disso, ela já veicula sua
produção, que são as novelas e
que concorrem com os filmes",
rebate o cineasta Gustavo Dahl,
defensor da criação de uma agência para definir políticas públicas
e coletar dados sobre o setor.
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