São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2000


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Redes ainda não estão preparadas

da Reportagem Local

Tirando a Globo, todas as redes de televisão do país estão despreparadas para produzir filmes.
E mesmo a Globo, pelo menos oficialmente, ainda não demonstra interesse em produzir filmes usando recursos públicos, assumindo a responsabilidade de alavancar o cinema nacional.
Em 97, a emissora criou a Globo Filmes, que até agora co-produziu cinco obras -"Simão, o Fantasma Trapalhão" e o "O Trapalhão e a Luz Azul", com a Renato Aragão Produções; "Zoando na TV", com a Angélica Produções Artísticas; "Orfeu", com a Rio Vermelho"; e "Bossa Nova", com a L.C. Barreto e a Columbia/Sony.
"A intenção da Globo Filmes é estabelecer parcerias com os produtores nacionais. Ainda assim, a participação da Globo Filmes no mercado é proporcionalmente pequena, em relação à média de 30 produções por ano realizadas no Brasil", diz Claudia Quaresma, diretora da Central Globo de Projetos Temáticos e Licenciamento, unidade à qual está subordinada a Globo Filmes.
Segundo ela, a participação da Globo no mercado cinematográfico "depende de sua capacidade criativa e de encontrar bons roteiros, equipe técnica de qualidade e parceiros de interesse, sem depender de leis de incentivo, ou seja, depende de um mercado forte e ativo economicamente". Em entrevista por e-mail, a diretora não respondeu sobre as mudanças propostas pelo governo.
Claudia Quaresma afirma ainda que o objetivo da empresa é "reforçar a indústria cinematográfica nacional", produzindo de quatro a seis filmes por ano e privilegiando o elenco e os recursos da Globo.
Segunda maior rede de TV do Brasil, o SBT ainda engatinha na produção de telenovelas, mas acha "interessante" a idéia de fazer filmes com recursos públicos.
Até agora, a única contribuição da emissora ao cinema nacional foi o co-patrocínio do filme "O Dia da Caça", de Alberto Graça, no qual injetou R$ 500 mil.
A Record, assim como o SBT, ainda não domina a produção de telenovelas. Uma de suas estrelas, a apresentadora infantil Eliana, prepara-se para protagonizar seu primeiro filme.
Para Rodrigo Saturnino, gerente-geral da distribuidora Columbia-Buena Vista, "a proposta do governo pode contribuir para o resgate da linha popular do cinema brasileiro", como na época da Vera Cruz e nos anos 70. "O grosso da produção atual é autoral e desconectada do mercado, apenas para um público adulto."
"A TV aberta, em 30 anos, não possibilitou que o cinema nacional se viabilizasse como produto, porque ele não circula pelos 38 milhões de aparelhos de TV do país. Além disso, ela já veicula sua produção, que são as novelas e que concorrem com os filmes", rebate o cineasta Gustavo Dahl, defensor da criação de uma agência para definir políticas públicas e coletar dados sobre o setor.


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