da Agência Folha, em Salvador

Depois de quase 30 anos de relações rompidas, ACM e Dorival Caymmi voltam a se entender. A proposta de voltar às boas partiu do presidente do Congresso, que quer organizar um show-tributo ao cantor e compositor, que completou 86 anos em 30 de abril.
A homenagem pretende reconstruir uma amizade de décadas, rompida em 1971. Motivo: Caymmi vendera uma casa doada a ele pelo governo da Bahia.
Nos anos 60, o baiano Caymmi, que morava no Rio, manifestou o desejo de voltar para sua terra natal. A música "Eu Não Tenho Onde Morar", de 61, sensibilizou tanto a opinião pública baiana que o então governador Luís Vianna Filho (1908-1990) resolveu dar de presente à família Caymmi uma casa de frente para o mar.
O senador Antonio Carlos Magalhães que, entre 1967 e 1970 ocupou o cargo de prefeito de Salvador, foi o responsável pela reforma do imóvel, na rua Fonte da Bica, no Rio Vermelho.
Caymmi viveu ali alguns meses. Depois, vendeu a casa e voltou ao Rio. A decisão foi encarada como uma desfeita por ACM, que disse preferir não comentar o episódio.
Afirmou estar mantendo contato mais "frequente" com Caymmi há cerca de quatro anos. "A homenagem tem o sentido de reconhecer nele a primeira figura, entre os cantores baianos, a levar o nome da Bahia para o Brasil e para o mundo", disse.
ACM delegou à empresária Maria Luisa Jucá, 38, a função de portadora do convite a Caymmi.
O músico Danilo Caymmi, 52, filho de Dorival, disse que seu pai teve "fortes motivos" para voltar a morar no Rio. "Salvador tornou-se cansativa para papai, que precisava estar sempre viajando", disse. Para ele, Caymmi e ACM nunca chegaram a ser inimigos.
Em fac-símile enviado ao presidente do Congresso, Caymmi disse estar satisfeito com o convite. "Me senti muito honrado e gostaria de (...) contar (...) com a participação de Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Coloco-me à disposição para colaborar (...) com mais "palpites" para garantir o sucesso dessa iniciativa", concluiu Caymmi. (MV)



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