São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2001

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MÚSICA ERUDITA

Repertório enfoca produção brasileira

Municipal do Rio abre as portas para o século 20 com concertos

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Agora que o século 20 acabou, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro resolveu abrir as portas para sua música. Começa hoje, com uma apresentação da Orquestra Sinfônica Nacional, regida por Ligia Amadio, a série "Música Brasileira do Século Passado".
O concerto desta noite é a grande exceção da série: traz uma orquestra sinfônica, acontece no palco do teatro, seu horário é às 20h30 e os ingressos custam entre R$ 5 e R$ 90.
A partir do dia 21, e até o final do ano, "Música Brasileira do Século Passado" será constituída de 14 apresentações de música de câmara, sempre às segundas-feiras, às 18h30, com ingressos a R$ 10, marcando a abertura ao grande público de um novo espaço, o auditório do anexo, prédio que fica ao lado do Municipal.
"Nossa filosofia foi fazer um balanço do que aconteceu no século 20, já que, do dia para a noite, todos nós nos tornamos músicos do século passado", explica o compositor Ricardo Tacuchian, coordenador da série.
"Estamos tocando desde a obra de Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno e Villa-Lobos até compositores jovens, na faixa dos 30 anos de idade", afirma.
Realmente, a lista de autores representados é abrangente e eclética. Vai de Glauco Velazquez a Hans-Joachim Koellreuter, passando por nomes tão díspares como Radamés Gnattali, Harry Crowl e Cláudio Santoro.
"Fiz representar todas as correntes, desde os conservadores de linha romântica até a vanguarda, passando pelo nacionalismo, pela música eletroacústica e pela pós-modernidade", diz Tacuchian.
No concerto de hoje, Antonio Lauro del Claro sola no "Choro para Violoncelo e Orquestra", de Camargo Guarnieri. O programa é complementado pelo "Concerto para Orquestra", de José Siqueira; "Bachianas Brasileiras Nš 7", de Villa-Lobos; e "Hayastan", do próprio Tacuchian.
Como sempre, quando se trata de tocar música erudita brasileira, a maior dificuldade ao montar a série foi a obtenção de material musical. "Embora as coisas nesse sentido já estejam melhorando, tive problemas, pois queria programar obras paradigmáticas."
"Por exemplo, a "Suíte Turuna", de Luciano Gallet, que eu considero paradigma da Semana de Arte Moderna, está toda manuscrita. Também é difícil achar material do José Siqueira, que foi meu professor."
Além do repertório diferenciado, "Música Brasileira do Século Passado" traz como marca a busca de aproximação entre artistas e público. Meia hora antes de cada apresentação, a platéia é convidada a participar de um bate-papo informal com os intérpretes, denominado "pré-concerto".
Além disso, após cada recital, será oferecido um coquetel, misturando artistas e espectadores.


MÚSICA BRASILEIRA DO SÉCULO PASSADO - Hoje, Orquestra Sinfônica Nacional, com regência de Ligia Amadio e violoncelo solo de Antonio Lauro del Claro. Onde: Teatro Municipal do Rio de Janeiro (pça. Floriano, s/nš, tel. 0/xx/21/ 262-3935). Quando: às 20h30. Quanto: de R$ 5 a R$ 90; a partir do dia 21 de maio, atrações todas as segundas, às 18h30; Quanto: R$ 10.



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