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MÚSICA ERUDITA
Repertório enfoca produção brasileira
Municipal do Rio abre as portas para o século 20 com concertos
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Agora que o século 20 acabou, o
Teatro Municipal do Rio de Janeiro resolveu abrir as portas para
sua música. Começa hoje, com
uma apresentação da Orquestra
Sinfônica Nacional, regida por Ligia Amadio, a série "Música Brasileira do Século Passado".
O concerto desta noite é a grande exceção da série: traz uma orquestra sinfônica, acontece no
palco do teatro, seu horário é às
20h30 e os ingressos custam entre
R$ 5 e R$ 90.
A partir do dia 21, e até o final do
ano, "Música Brasileira do Século
Passado" será constituída de 14
apresentações de música de câmara, sempre às segundas-feiras,
às 18h30, com ingressos a R$ 10,
marcando a abertura ao grande
público de um novo espaço, o auditório do anexo, prédio que fica
ao lado do Municipal.
"Nossa filosofia foi fazer um balanço do que aconteceu no século
20, já que, do dia para a noite, todos nós nos tornamos músicos do
século passado", explica o compositor Ricardo Tacuchian, coordenador da série.
"Estamos tocando desde a obra
de Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno e Villa-Lobos até compositores jovens, na faixa dos 30
anos de idade", afirma.
Realmente, a lista de autores representados é abrangente e eclética. Vai de Glauco Velazquez a
Hans-Joachim Koellreuter, passando por nomes tão díspares como Radamés Gnattali, Harry
Crowl e Cláudio Santoro.
"Fiz representar todas as correntes, desde os conservadores de
linha romântica até a vanguarda,
passando pelo nacionalismo, pela
música eletroacústica e pela pós-modernidade", diz Tacuchian.
No concerto de hoje, Antonio
Lauro del Claro sola no "Choro
para Violoncelo e Orquestra", de
Camargo Guarnieri. O programa
é complementado pelo "Concerto
para Orquestra", de José Siqueira;
"Bachianas Brasileiras Nš 7", de
Villa-Lobos; e "Hayastan", do
próprio Tacuchian.
Como sempre, quando se trata
de tocar música erudita brasileira,
a maior dificuldade ao montar a
série foi a obtenção de material
musical. "Embora as coisas nesse
sentido já estejam melhorando,
tive problemas, pois queria programar obras paradigmáticas."
"Por exemplo, a "Suíte Turuna",
de Luciano Gallet, que eu considero paradigma da Semana de
Arte Moderna, está toda manuscrita. Também é difícil achar material do José Siqueira, que foi
meu professor."
Além do repertório diferenciado, "Música Brasileira do Século
Passado" traz como marca a busca de aproximação entre artistas e
público. Meia hora antes de cada
apresentação, a platéia é convidada a participar de um bate-papo
informal com os intérpretes, denominado "pré-concerto".
Além disso, após cada recital,
será oferecido um coquetel, misturando artistas e espectadores.
MÚSICA BRASILEIRA DO SÉCULO
PASSADO - Hoje, Orquestra Sinfônica
Nacional, com regência de Ligia Amadio
e violoncelo solo de Antonio Lauro del
Claro. Onde: Teatro Municipal do Rio de
Janeiro (pça. Floriano, s/nš, tel. 0/xx/21/
262-3935). Quando: às 20h30. Quanto:
de R$ 5 a R$ 90; a partir do dia 21 de
maio, atrações todas as segundas, às
18h30; Quanto: R$ 10.
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