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FILMES
TV PAGA
O mundo visível morre em "Dançando no Escuro"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O que há para ver? Não há
mais nada para ver, diz a heroína de "Dançando no Escuro"
(amanhã, 22h, Fox). Durante todo o filme ela arranja um jeito de
seu filho ser operado da vista e
não sofrer de cegueira progressiva, como ela.
A frase tem um segundo sentido
cinematográfico evidente, é como
um comentário de Lars von Trier,
autor do filme, à visibilidade atual
do mundo, digamos assim. Se tudo se tornou visível, já não há o
que ver. Trata-se assim de propor
o que não ver.
Em vez de encantar os olhos,
"Dançando no Escuro" (assim como os filmes mais recentes de
Von Trier) trata de borrar o visível com o uso de uma câmera trepidante, que parece hesitar propositalmente entre se fixar num
personagem ou em outro.
A questão "onde vai a câmera",
que tradicionalmente significava
a busca por oferecer ao espectador a melhor visão, parece ter desaparecido: qualquer posição é
uma posição, nem melhor, nem
pior do que outras. De qualquer
maneira estamos condenados a
não ver. Ou seja: a ver aquilo que
nos forçam a ver, o que dá no
mesmo (não foi assim na cobertura da guerra no Iraque, para ficarmos com um exemplo extremo?).
O caminho de Björk, a mãe do
filme, consiste em constatar isso:
as ilusões do cinema estão, de certa forma, mortas. O que se mostra
a nós é apenas uma aparência do
mundo.
Ela vai fazendo sua descoberta
ao longo de incontáveis desventuras, entre elas o julgamento a que
é submetida, onde a farsa do visível revela-se em toda sua extensão: tudo o que conta é o cerimonial do julgamento.
A verdade mora num poço.
Nós, diante do filme, concordamos com ela. A platéia não raro
chora copiosamente. E tem motivos: não é apenas um gesto de solidariedade com Björk. Partilhamos seu destino mais amplamente: tudo ali também nos afeta.
TV ABERTA
Walter Hill comanda batalhas eficazes
Os Quatro Aventureiros
SBT, 15h45.
(The Fearless Four). Alemanha, 97, 89
min. Direção: Eberhard Junkersdorf.
Quatro animais têm em comum a paixão
pela música e o fato de serem
maltratados por seus donos. Em vista do
segundo ponto todos decidem fugir e
aventurar-se no mundo. Desenho
animado.
Fugindo da Morte
Globo, 16h15.
(Nowhere to Hide). EUA, 94. Direção:
Bobby Roth. Com Rosanna Arquette,
Max Pomerane. Depois que se divorcia,
mulher sofre grave atentado. Só então
descobre que o ex tinha conexões bravas
no submundo criminal e que os mafiosos
acham que ela detém segredos
preciosos e pode entregá-los à polícia.
Diante disso ela decide abrir o bico
mesmo.
Promessa Mortal
Globo, 23h05.
(Lethal Vows). EUA, 99, 87 min. Direção:
Paul Schneider. Com John Ritter, Marg
Helgenberger. Mulher que passou por
terrível doença descobre que a nova
mulher de seu ex tem exatamente os
mesmos sintomas que ela. Juntando as
coisas e fazendo uma boa investigação,
ela descobre que não era doença. O ex-marido é que é um envenenador
incorrigível. Feito para TV.
Paixão e Sedução
SBT, 23h45.
(Better than Sex). Austrália, 2000, 81
min. Direção: Jonathan Teplitzky. Com
David Wenham, Susie Poter. Jovens
encontram-se em Sidney, sentem-se
mutuamente atraídos e transam. Só não
estava previsto o fato de se apaixonarem
em seguida, já que ele é um fotógrafo
londrino que estava na Austrália só de
passagem. Daí derivam as situações
desta comédia romântica.
Química Sexual
Bandeirantes, 2h.
(Sexual Chemistry). EUA, 99, 83 min.
Direção: Mike Sedan. Com Jeff Xander,
Stephanee LaFleur. Cientistas criam
fórmula que transforma homens
normais em máquinas de sexo.
Cuidado com as Baixinhas
SBT, 1h05.
(National Lampoon Attack of the 5'2"
Women). EUA, 94. Direção: Richard
Wenk. Com Julie Brown, Khrystine Haje.
Duas histórias de mulheres baixinhas. A
primeira é uma patinadora também
gordinha que contrata um trapalhão
para matar a rival. A segunda é uma
mulher frígida que decide, certo dia,
cortar o pênis do marido, por achar que
ele andava saindo com outra mulher.
Selvagens da Noite
Globo, 2h45.
(Warriors). EUA, 79, 94 min. Direção:
Walter Hill. Com Michael Beck, James
Remar. Os Warriors, um dos grupos
convocados para um congresso de
gangues, são responsabilizados pela
morte do líder de outra gangue.
Seguem-se combates sangrentos numa
atmosfera fantástica (como gênero) e
muito eficaz (como filme).
Diana e a Família Real
SBT, 2h40.
(Diana and the Royal Family). Inglaterra,
94. Direção: Alan Scales. Documentário
britânico a respeito das relações (tensas,
como se sabe) entre a princesa Diana e a
família real (realizado três anos antes de
Diana morrer em acidente
automobilístico, em Paris). Só para São
Paulo.
(IA)
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