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São Paulo, sábado, 03 de maio de 2003

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FILMES

TV PAGA

O mundo visível morre em "Dançando no Escuro"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O que há para ver? Não há mais nada para ver, diz a heroína de "Dançando no Escuro" (amanhã, 22h, Fox). Durante todo o filme ela arranja um jeito de seu filho ser operado da vista e não sofrer de cegueira progressiva, como ela.
A frase tem um segundo sentido cinematográfico evidente, é como um comentário de Lars von Trier, autor do filme, à visibilidade atual do mundo, digamos assim. Se tudo se tornou visível, já não há o que ver. Trata-se assim de propor o que não ver.
Em vez de encantar os olhos, "Dançando no Escuro" (assim como os filmes mais recentes de Von Trier) trata de borrar o visível com o uso de uma câmera trepidante, que parece hesitar propositalmente entre se fixar num personagem ou em outro.
A questão "onde vai a câmera", que tradicionalmente significava a busca por oferecer ao espectador a melhor visão, parece ter desaparecido: qualquer posição é uma posição, nem melhor, nem pior do que outras. De qualquer maneira estamos condenados a não ver. Ou seja: a ver aquilo que nos forçam a ver, o que dá no mesmo (não foi assim na cobertura da guerra no Iraque, para ficarmos com um exemplo extremo?).
O caminho de Björk, a mãe do filme, consiste em constatar isso: as ilusões do cinema estão, de certa forma, mortas. O que se mostra a nós é apenas uma aparência do mundo.
Ela vai fazendo sua descoberta ao longo de incontáveis desventuras, entre elas o julgamento a que é submetida, onde a farsa do visível revela-se em toda sua extensão: tudo o que conta é o cerimonial do julgamento.
A verdade mora num poço. Nós, diante do filme, concordamos com ela. A platéia não raro chora copiosamente. E tem motivos: não é apenas um gesto de solidariedade com Björk. Partilhamos seu destino mais amplamente: tudo ali também nos afeta.

TV ABERTA

Walter Hill comanda batalhas eficazes

Os Quatro Aventureiros
SBT, 15h45.
(The Fearless Four). Alemanha, 97, 89 min. Direção: Eberhard Junkersdorf. Quatro animais têm em comum a paixão pela música e o fato de serem maltratados por seus donos. Em vista do segundo ponto todos decidem fugir e aventurar-se no mundo. Desenho animado.

Fugindo da Morte
Globo, 16h15.
(Nowhere to Hide). EUA, 94. Direção: Bobby Roth. Com Rosanna Arquette, Max Pomerane. Depois que se divorcia, mulher sofre grave atentado. Só então descobre que o ex tinha conexões bravas no submundo criminal e que os mafiosos acham que ela detém segredos preciosos e pode entregá-los à polícia. Diante disso ela decide abrir o bico mesmo.

Promessa Mortal
Globo, 23h05.
(Lethal Vows). EUA, 99, 87 min. Direção: Paul Schneider. Com John Ritter, Marg Helgenberger. Mulher que passou por terrível doença descobre que a nova mulher de seu ex tem exatamente os mesmos sintomas que ela. Juntando as coisas e fazendo uma boa investigação, ela descobre que não era doença. O ex-marido é que é um envenenador incorrigível. Feito para TV.

Paixão e Sedução
SBT, 23h45.
(Better than Sex). Austrália, 2000, 81 min. Direção: Jonathan Teplitzky. Com David Wenham, Susie Poter. Jovens encontram-se em Sidney, sentem-se mutuamente atraídos e transam. Só não estava previsto o fato de se apaixonarem em seguida, já que ele é um fotógrafo londrino que estava na Austrália só de passagem. Daí derivam as situações desta comédia romântica.

Química Sexual
Bandeirantes, 2h.
(Sexual Chemistry). EUA, 99, 83 min. Direção: Mike Sedan. Com Jeff Xander, Stephanee LaFleur. Cientistas criam fórmula que transforma homens normais em máquinas de sexo.

Cuidado com as Baixinhas
SBT, 1h05.
(National Lampoon Attack of the 5'2" Women). EUA, 94. Direção: Richard Wenk. Com Julie Brown, Khrystine Haje. Duas histórias de mulheres baixinhas. A primeira é uma patinadora também gordinha que contrata um trapalhão para matar a rival. A segunda é uma mulher frígida que decide, certo dia, cortar o pênis do marido, por achar que ele andava saindo com outra mulher.

Selvagens da Noite
Globo, 2h45.
(Warriors). EUA, 79, 94 min. Direção: Walter Hill. Com Michael Beck, James Remar. Os Warriors, um dos grupos convocados para um congresso de gangues, são responsabilizados pela morte do líder de outra gangue. Seguem-se combates sangrentos numa atmosfera fantástica (como gênero) e muito eficaz (como filme).

Diana e a Família Real
SBT, 2h40.
(Diana and the Royal Family). Inglaterra, 94. Direção: Alan Scales. Documentário britânico a respeito das relações (tensas, como se sabe) entre a princesa Diana e a família real (realizado três anos antes de Diana morrer em acidente automobilístico, em Paris). Só para São Paulo. (IA)


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