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crítica
"Linha de Passe" chega, por fim, ao "povo"
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
"Linha de Passe",
terceiro longa
assinado pela
dupla Walter Salles e Daniela Thomas, chega ao
DVD ao fim de quase um
ano de trajetória que começou pelo Festival de
Cannes, de onde saiu com
o prêmio de melhor atriz
para Sandra Corveloni, e
se encerrou com sua escolha pela crítica como melhor filme brasileiro na 35ª
edição do Festival Sesc.
Ao alcance do controle
remoto, o filme agrega
uma nova dimensão, afastando-se da entusiasmada
acolhida no molde torcida
de futebol e das acusações
que preferem enxergar na
obra apenas seus defeitos.
No espaço doméstico,
"Linha de Passe" talvez renove a oportunidade de
ser percebido por uma plateia que não atingiu no trajeto pelas salas, estabelecendo nexos com um público que o filme teve como ambição projetar, hoje
isolado dos cinemas devido aos custos das entradas,
uma evidência do nosso
"apartheid" cultural.
No território de prestígio em que circulou até
agora, venceu prêmios que
reverberaram o alcance de
suas qualidades.
Falta, porém, que lhe seja permitido ser consumido e, eventualmente, reprovado pelo público, testando assim o grau de
amadurecimento de nossa
democracia no plano cultural. Afinal, antes de descartar esse tipo de produção como distante do gosto "popular" é preciso que
pelo menos o "povo" tenha
o direito de assisti-lo.
LINHA DE PASSE
Direção: Walter Salles e
Daniela Thomas
Distribuição: Universal
Quanto: R$ 39,90, em média
Classificação: 16 anos
Avaliação: ótimo
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