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Maria Rita encerra Virada Cultural "rodando a baiana"
Apresentação fecha o megaevento paulistano e terá faixas de último álbum da cantora, "Samba Meu", além de outros hits
"Para um público tão grande como esse, depois de 24 horas de tanta coisa acontecendo, é arriscado tocar balada", diz ela
MARCUS PRETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Seis horas da tarde de domingo. Segundo a tradição, este é o
momento em que convive, tão
pacificamente quanto possível,
o público mais diversificado da
Virada Cultural. Os virados da noite anterior, já exaustos da maratona.
Os que acabaram de chegar e
vieram para ver um artista específico. E os que estão zanzando pelo Centro desde manhã e,
em boa parte das vezes, mantêm a animação na mesma medida que o nível alcoólico do
sangue.
É nesse horário nobre que
Maria Rita faz sua apresentação hoje (com transmissão ao
vivo pela TV Cultura), encerrando a edição deste ano no
palco principal do evento, na
av. São João. "Não sei quão nobre é isso, mas vai ser feliz à beça", ela diz. "Vai ser um show
daqueles de se jogar, de tirar as
tamancas e rodar a baiana."
O repertório deve girar em
torno de seu CD mais recente,
"Samba Meu", lançado em
2007. "Para um público tão
grande como esse, depois de 24
horas de tanta coisa acontecendo, é arriscado tocar balada",
diz. "Além dos sambas, a gente
deve incluir algumas canções
mais pra cima dos meus outros
discos. A intenção é mesmo levantar a galera."
A cantora diz que, para sua
própria surpresa, a incursão
que vem fazendo no universo
do samba tem sido muito bem
recebida. "Achei que fosse tomar uma puxada de tapete rápida, mas, salvo raras exceções,
isso não rolou. Ainda bem, pois
eu não me sinto introspectiva
nesse momento da minha vida.
Se eu fosse entrar em estúdio
agora, viria um disco mais para
fora ainda, mais raivoso."
Um disco "mais raivoso"? O
que seria isso? "A vida acontece, a gente engole sapos, um dia
isso vira um brejo e tem que botar isso pra fora", despista.
"Mas a vida está legal. Tem os
band-aids de uma ou outra situação, mas, somando tudo, eu
não tenho do que reclamar."
Maria Rita diz que tem vontade de ver outra artista colocando "seus brejos" para fora
em um palco: Amy Winehouse.
"Quero assistir, quero ver,
quero entender que demônios
ela tem", diz. "Esse lado me
atrai muito em alguns artistas.
Não faço questão de conhecer a
intimidade deles, mas me interessa saber como ele trabalha
suas sombras e suas luzes, como canaliza seus problemas
para a música, como transforma aquilo tudo em arte."
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