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Viúva aprova
montagem de
espetáculo-tabu
DA REPORTAGEM LOCAL
A viúva Vera Artaxo, 47, não
lembra de outra peça de Plínio
Marcos montada em espaço
tão propício à obra. Sobre
"Dois Perdidos numa Noite
Suja", no teatro Orion, a jornalista não vê inadequação. "A
busca de espaço alternativo
tem tudo a ver com a proposta
do Plínio", afirma.
Na perspectiva do dramaturgo, morto em novembro do
ano passado, o teatro deve caminhar em direção ao povo, seja lá onde ele estiver. Quando
estreou "Dois Perdidos..." (66),
por exemplo, ele "mambembou" pelo país, dirigindo um
Fusca. Plínio interpretava Paco
e Ademar Rocha, Tonho.
Como boa parte da sua produção para teatro, "Dois Perdidos..." também foi perseguida
pela censura. "Ninguém aceitava montá-la, e o próprio Plínio
interpretou", diz a viúva.
Os jovens atores da nova
montagem também ficaram
surpresos com a receptividade
do público que trabalha no
Orion. "Tem mulher aqui mais
íntegra do que colegas minhas
na universidade ou atrizes com
quem já trabalhei", diz.
A temporada prevê oito finais de semana. Segundo Jorge,
a procura por reserva é grande
(são 230 lugares). As pessoas
estariam curiosas para conhecer o espaço-tabu. "Toda mulher se pergunta por que o homem vai para a zona", acredita.
"A gente está fazendo as pessoas pagarem por um negócio
que elas vêem de graça nas
ruas, mas não têm coragem de
olhar", diz Guilherme Pereira.
Na pesquisa de campo para a
construção dos personagens,
os atores dizem ter passado por
situações limites, como os safanões que levaram de seguranças de lojas que não suportam a
presença de mendigos.
Da bilheteria, 15% ficam com
a produção do espetáculo, bancada pelos próprios atores.
"Gastamos cerca de R$ 15 mil",
calcula Jorge.
Escrita há 34 anos, "Dois Perdidos numa Noite Suja" deve
chegar ao cinema em breve. O
ator Roberto Bontempo, que
está em cartaz no Centro Cultural São Paulo com o musical
"Raul Fora-da-Lei", inspirado
na trajetória de Raul Seixas, já
adquiriu os direitos para a
adaptação do texto. O projeto
está em fase de produção.
Vera Artaxo conta que o ator
Alexandre Borges também pediu os direitos da peça para
montá-la no segundo semestre.
O diretor Sérgio Ferrara, que
montou "Barrela" no ano passado, volta ao autor com "O
Abajur Lilás". A temporada está prevista para o Sesc Anchieta, a partir de agosto.
(VS)
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