São Paulo, sábado, 03 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Viúva aprova montagem de espetáculo-tabu

DA REPORTAGEM LOCAL

A viúva Vera Artaxo, 47, não lembra de outra peça de Plínio Marcos montada em espaço tão propício à obra. Sobre "Dois Perdidos numa Noite Suja", no teatro Orion, a jornalista não vê inadequação. "A busca de espaço alternativo tem tudo a ver com a proposta do Plínio", afirma.
Na perspectiva do dramaturgo, morto em novembro do ano passado, o teatro deve caminhar em direção ao povo, seja lá onde ele estiver. Quando estreou "Dois Perdidos..." (66), por exemplo, ele "mambembou" pelo país, dirigindo um Fusca. Plínio interpretava Paco e Ademar Rocha, Tonho.
Como boa parte da sua produção para teatro, "Dois Perdidos..." também foi perseguida pela censura. "Ninguém aceitava montá-la, e o próprio Plínio interpretou", diz a viúva.
Os jovens atores da nova montagem também ficaram surpresos com a receptividade do público que trabalha no Orion. "Tem mulher aqui mais íntegra do que colegas minhas na universidade ou atrizes com quem já trabalhei", diz.
A temporada prevê oito finais de semana. Segundo Jorge, a procura por reserva é grande (são 230 lugares). As pessoas estariam curiosas para conhecer o espaço-tabu. "Toda mulher se pergunta por que o homem vai para a zona", acredita.
"A gente está fazendo as pessoas pagarem por um negócio que elas vêem de graça nas ruas, mas não têm coragem de olhar", diz Guilherme Pereira.
Na pesquisa de campo para a construção dos personagens, os atores dizem ter passado por situações limites, como os safanões que levaram de seguranças de lojas que não suportam a presença de mendigos.
Da bilheteria, 15% ficam com a produção do espetáculo, bancada pelos próprios atores. "Gastamos cerca de R$ 15 mil", calcula Jorge.
Escrita há 34 anos, "Dois Perdidos numa Noite Suja" deve chegar ao cinema em breve. O ator Roberto Bontempo, que está em cartaz no Centro Cultural São Paulo com o musical "Raul Fora-da-Lei", inspirado na trajetória de Raul Seixas, já adquiriu os direitos para a adaptação do texto. O projeto está em fase de produção.
Vera Artaxo conta que o ator Alexandre Borges também pediu os direitos da peça para montá-la no segundo semestre.
O diretor Sérgio Ferrara, que montou "Barrela" no ano passado, volta ao autor com "O Abajur Lilás". A temporada está prevista para o Sesc Anchieta, a partir de agosto. (VS)


Texto Anterior: Boca-do-lixo devora "Dois Perdidos numa Noite Suja'
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.