São Paulo, sábado, 03 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
O personagem, que combate o crime em clima noir, fez aniversário ontem
O imortal Spirit, de Will Eisner, completa 60 anos

Otávio Dias de Oliveira/Folha Imagem
O criador do Spirit, Will Eisner, e seu personagem, que teve seu auge nos anos 40, após a 2ª Guerra


ÁLVARO DE MOYA
ESPECIAL PARA A FOLHA

No dia 2 de junho de 1940, um gibi com histórias completas era encartado nos jornais de domingo, nos Estados Unidos.
Pela primeira vez eram unidos personagens de sucesso nos diários, e os heróis dos "comic books" estouraram em 1938, com o Super-Homem.
Era uma idéia original que alcançou um sucesso imediato e gigantesco.
Tudo nasceu num estúdio onde a parte artística ficava com o sócio Will Eisner e as vendas ficavam com Jerry Iger.
Este teve a idéia e a vendeu para o distribuidor Register and Tribune. Eisner teve de bolar imediatamente um herói.
Um detetive, aparentemente morto em ação, sobrevive, resolve adotar uma identidade secreta e passa a morar no subterrâneo de um cemitério.
O editor telefonou para Will e perguntou se ele tinha um "costume" (fantasia), a vestimenta circense que outros heróis, como Batman e o Super-Homem, tinham.
Eisner respondeu que sim e, relutantemente, desenhou uma máscara no personagem.
Acontece que Will Eisner era um gênio. Suas histórias eram humanas como contos de Tchecov, Guy De Maupassant e O. Henry. Seu texto era excelente, verdadeira poesia em prosa.
E sua linguagem antecedeu em um ano a mesma técnica com a qual Orson Welles iria revolucionar o cinema.
Por isso, Will Eisner é o Orson Welles dos quadrinhos, e "The Spirit" é o Cidadão Kane dos "comics".
A série sobreviveu até 28 de setembro de 1952, quando Will desistiu de continuar com o personagem.
Nos anos 70, foi descoberta pelos europeus e passou a ser reeditada como uma obra-prima do gênero.
Will Eisner resolveu cunhar o termo "graphic novel" para voltar à ativa em 1978, com a obra "Um Contrato com Deus", e continuou a realizar seu trabalho em livros editados inclusive no Brasil.
Agora, vivendo na Flórida, aos 83 anos, sudeste dos EUA, o artista está terminando uma novela gráfica narrando o último dia dos soldados norte-americanos no Vietnã, quando perderam a guerra para os guerrilheiros vietnamitas.
Mas "The Spirit", aos 60 anos, continua sendo reeditado no mundo todo.


Texto Anterior: Música: Eugénia celebra ligação de 20 anos com o Brasil
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.