São Paulo, sábado, 03 de junho de 2000


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Coleção do herói pertece à DC Comics

ESPECIAL PARA A FOLHA

A Folha entrevistou Will Eisner por telefone, onde vive e trabalha, em Tamarao, na Flórida, em uma casa que fica nos fundos de um campo de golfe, onde joga e pratica tênis por hobby, juntamente com sua mulher Anne. (AM)

Folha - Hoje, Spirit completa 60 anos. Quantos anos você tem?
Will Eisner -
Não sei minha idade (ri). É um caso psiquiátrico de negação da realidade. Em todo caso, me sinto bem, trabalho muito e sou saudável.

Folha - Como é o seu método de trabalho?
Eisner -
Sou muito disciplinado. Isso vem do tempo em que trabalhei em jornais. Penso e escrevo regularmente. Escrevo à mão, em letrinhas e em imagens. Nada de máquina de escrever. Começo pelo fim. Depois, abro a história e penso como chegar lá. Há uma tirinha de Bud Fisher, autor de "Mutt & Jeff", em que o baixinho escreve uma novela policial com incrível rapidez. Mutt pergunta como consegue ser tão rápido. "Quero saber quem é o assassino", responde o outro (risos). Meu escritório fica a 3 km da minha casa. É um velho costume, trabalhar longe, onde apenas penso, diante da piscina.

Folha - Você precisa de dinheiro?
Eisner -
Não. Dinheiro, no início da carreira, era um meio de atingir um fim. Agora...

Folha - Qual é seu acordo com a DC (editora)?
Eisner -
Foi um acordo irrecusável. Seis dígitos. A DC Comics ficou com toda minha coleção de "The Spirit", inclusive o período em que estive na Segunda Guerra, e a série era desenhado por Lou Fine e Jack Cole. Agora, eles começaram a editar cronologicamente toda a série, em cores, exatamente como foram publicadas nos jornais. Por isso aprovei. Vão lançar três volumes por ano. Creio que terão nove ou dez, no total. São publicações com 240 páginas, mais um prefácio de Alan Moore, e custam caro, US$ 40. As capas são reproduções de histórias antigas.

Folha - "The New Spirit", a série feita por Alan Moore, Neil Gaiman e outros continua?
Eisner -
Sim, a DC está acertando com meu agente, Dennis Kitchen, que está comigo desde que a Kitchen Sink Press faliu.

Folha - Qual a diferença entre Spirit nos anos 40 e hoje?
Eisner -
Não há mais diferença. Veja bem, as histórias completas eram publicadas dentro do jornal, não nas bancas. Era lido por adultos. Hoje jovens e adultos lêem "The Spirit". Sempre escrevi para adultos. Esses adultos continuam comprando meus livros. Agora, acredito, mudou apenas o ritmo, o tempo de leitura, principalmente por causa da MTV, que impôs um novo ritmo. Há a velocidade da informação. Isso garante a longevidade dos "comics".

Folha - E as "graphic novels"?
Eisner -
Continuo realizando. A DC tem o direito de escolha ou recusa. Eles têm sido muito atenciosos comigo, mas a Dark Horse fez melhor oferta pelo meu trabalho que sai em fins de julho, "O Último Dia no Vietnã". E a Devir, aí no Brasil, está tentando editar essa obra simultaneamente.

Folha - É o Vietnã de Rambo?
Eisner -
(Ri da ironia) Não é uma história de combate. É um livro intimista. Uma série de pequenas lembranças. Inclui a Segunda Guerra Mundial, a da Coréia e a do Vietnã. É experimental, inserindo os leitores na narrativa.

Folha - E os livros infantis, como os editados pela Cia. das Letras?
Eisner -
Gosto de fazer isso. Relaxa. "A Princesa e o Sapo" e outros. Mas não tenho tempo. Desenho muito rápido. Escrever demora.

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