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"Meus filhos precisam ter um país para amar", afirma médico refugiado
DO COLUNISTA DA FOLHA
"Doutor Isan", 51, veterinário geneticista com doutorado
na Romênia, mora em Pelotas
(RS) com os dois filhos, um
adolescente de 14 anos e uma
menina de 11. Sobrevive trabalhando com amigos no comércio de roupas e miudezas, enquanto tenta regularizar sua
documentação para exercer
seu ofício no Brasil.
É o único dos cinco retratados em "A Chave da Casa" que
concordou em conversar com a
Folha. Isan tem dois irmãos
morando no Iraque, "correndo
perigo com suas famílias enquanto a Acnur não os traz para
o Brasil, como prometeu".
A mulher de Isan, que não é
palestina, viajou em fevereiro
ao Iraque para concluir o tempo que falta para sua aposentadoria e vender os bens da família. Mas ele não pretende voltar
ao país e nem tem esperança de
viver num Estado Palestino.
"Nasci no Iraque, de pais palestinos, por isso sou palestino.
Meus pais eram de Haifa, que
hoje faz parte de Israel. Eu não
posso nem sequer entrar lá",
queixa-se Isan.
"A guerra no Iraque não vai
acabar tão cedo", diz. "Não tem
a ver com religião ou com etnia,
mas sim com o petróleo, que interessa aos americanos."
Enquanto espera pelos irmãos e pela mulher, Isan
aprende e ensina português aos
filhos. "Eles precisam ter uma
pátria, um país para amar",
afirma, em inglês.
E conclui, num português
bastante passável: "Quero ser
brasileiro. E eles também".
(JGC)
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