São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2008

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"Meus filhos precisam ter um país para amar", afirma médico refugiado

DO COLUNISTA DA FOLHA

"Doutor Isan", 51, veterinário geneticista com doutorado na Romênia, mora em Pelotas (RS) com os dois filhos, um adolescente de 14 anos e uma menina de 11. Sobrevive trabalhando com amigos no comércio de roupas e miudezas, enquanto tenta regularizar sua documentação para exercer seu ofício no Brasil.
É o único dos cinco retratados em "A Chave da Casa" que concordou em conversar com a Folha. Isan tem dois irmãos morando no Iraque, "correndo perigo com suas famílias enquanto a Acnur não os traz para o Brasil, como prometeu".
A mulher de Isan, que não é palestina, viajou em fevereiro ao Iraque para concluir o tempo que falta para sua aposentadoria e vender os bens da família. Mas ele não pretende voltar ao país e nem tem esperança de viver num Estado Palestino.
"Nasci no Iraque, de pais palestinos, por isso sou palestino. Meus pais eram de Haifa, que hoje faz parte de Israel. Eu não posso nem sequer entrar lá", queixa-se Isan.
"A guerra no Iraque não vai acabar tão cedo", diz. "Não tem a ver com religião ou com etnia, mas sim com o petróleo, que interessa aos americanos."
Enquanto espera pelos irmãos e pela mulher, Isan aprende e ensina português aos filhos. "Eles precisam ter uma pátria, um país para amar", afirma, em inglês.
E conclui, num português bastante passável: "Quero ser brasileiro. E eles também".
(JGC)


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