São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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Representantes do MinC faltam na abertura de seminário de cinema

INÁCIO ARAUJO
enviado especial a Florianópolis

O 2º Seminário de Cinema e Televisão do Mercosul começou na segunda-feira com uma pequena gafe brasileira. Na mesa de abertura do evento, que acontece em Florianópolis, os representantes do Ministério da Cultura -Moacir de Oliveira e Eric Nepomuceno- não compareceram.
O tema "Políticas para o Audiovisual do Mercosul" foi discutido pelos argentinos Kiko Tenenbaum e José Luis Castiñeira de Dios (músico que tocou com Piazzola), o uruguaio Gonzalo Carambula e o brasileiro Esdras Rubin, diretor do Festival de Gramado.
A ausência foi sentida não só porque o Brasil representa, em termos de mercado, cerca de três quartos do Mercosul, como porque boa parte da discussão girou em torno da necessidade de compatibilizar legislações, para que produtos e produções comecem a circular de fato na região.
"Temos muitas declarações de amizade e poucas leis concretas", resumiu Castiñeira de Dios, que representava o Parlamento Cultural do Mercosul. No mais, os problemas são próximos, sobretudo para Brasil e Argentina.
Como lembrou Tenenbaum, um problema central é "recuperar nossos próprios mercados", o que, no seu entender, é um problema nacional. No entanto, facilitar a circulação de técnicos e atores lhe parece essencial para favorecer a circulação de mercadorias.
A tarde foi dedicada ao tema "Produções e Co-produções com TVs Nacionais" e teve a participação de Petrus Barreto (Globosat), Roberto Petti (GNT), Wilson Cunha (Multishow), Marcelo Sirângelo (Bravo Brasil) e Nice Benedicts (Telecine).
A questão mais interessante do debate veio de uma pergunta da platéia: em que pesquisas se baseiam as TVs pagas para estabelecer suas programações?
Resposta surpreendente: em praticamente nenhuma. Nice Benedicts disse que o Telecine, por exemplo, usa apenas uma pesquisa em que seus assinantes revelam os gêneros preferidos. Ora, como a audiência desses canais não é aferida pelo Ibope, a pergunta que ficou no ar é: qual o critério para aferir a satisfação do espectador?
Então, como saber o valor de um filme se não se tem idéia do interesse que tal ou qual produto suscita nos espectadores pagantes?
Após três horas de discussão, a segunda mesa encerrou-se deixando no ar questões como essa. E a impressão de que a TV paga no Brasil ainda é um negócio que caminha no escuro. Ao menos, do ponto de vista do assinante.



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