São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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SHOW
Hill faz R&B para público de hip hop

especial para a Folha, em Londres

Com um excerto de "Songs of Freedom", uma de suas inúmeras reverências ao ídolo (e sogro póstumo) Bob Marley, Lauryn Hill abriu seu show em Londres (Inglaterra), domingo passado, no tradicional palco de ginásio de Wembley.
Foi seu retorno à capital inglesa após uma criticada passagem por Brixton, no começo do ano.
Sinais de fogo estavam no ar. Além da péssima acústica do Wembley Arena, Lauryn estava rouca.
Não cantou muitos números, mas, ainda assim, fez um show muito acima da média, que manteve a força mesmo durante os "breaks" da vocalista.
Lauryn é uma artista de hip hop, mas não espere ver no palco três MCs e um DJ, como querem os Beastie Boys.
Em vez disso, são 17 músicos (OK, havia um DJ e um outro rapper), num set que se aproxima muito mais dos medalhões de r&b dos 60 do que propriamente de seus colegas dos 90.
Não chega a ser uma surpresa. "Miseducation" presta tributo à black music dos 50 e 70, numa trilha iniciada pelos Fugees ("Ready or Not" e "Killing me Softly", dois hits do trio, foram sucessos dos Delphonics e Roberta Flack, respectivamente).
A novidade é que Lauryn agora canta mais do que rima.
A isso se dá o nome hoje de hip hop soul. O que talvez expresse seu desejo de ser mais soul que hip hop é o conteúdo crítico de suas letras.
"Superstar", exatamente uma das músicas que mais criticam seus colegas rappers, foi a que escolheu para abertura.

Pot-pourri
Após um pot-pourri de Fugees e outras do disco precedidas por prólogos explicativos ("To Zion", "Lost Ones"), Lauryn abriu espaço para a banda -uma das três backing vocals tem um alcance vocal espetacular-, e, malgrado alguns excessos, a coisa funcionou muito bem.
Lauryn propôs um duelo entre a banda (ela incluída) e seu DJ. Pela reação do público, o DJ levou a melhor. Talvez por ser este um show inglês.
Mas isso não mudou os planos de Lauryn, que incluíam ainda o hit "Doo Wop", uma cover de Steve Wonder e -apesar de ter dito em entrevista que essa é uma de suas favoritas- não estava "Can't Take My Eyes of You".
Preferiu, para o bis, "Killing me Softly", um final demasiado r&b para o público inglês, hoje muito hip hop.
(PV)


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