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SHOW
Hill faz R&B para público de hip hop
especial para a Folha, em Londres
Com um excerto de "Songs of
Freedom", uma de suas inúmeras
reverências ao ídolo (e sogro póstumo) Bob Marley, Lauryn Hill
abriu seu show em Londres (Inglaterra), domingo passado, no tradicional palco de ginásio de Wembley.
Foi seu retorno à capital inglesa
após uma criticada passagem por
Brixton, no começo do ano.
Sinais de fogo estavam no ar.
Além da péssima acústica do
Wembley Arena, Lauryn estava
rouca.
Não cantou muitos números,
mas, ainda assim, fez um show
muito acima da média, que manteve a força mesmo durante os
"breaks" da vocalista.
Lauryn é uma artista de hip hop,
mas não espere ver no palco três
MCs e um DJ, como querem os
Beastie Boys.
Em vez disso, são 17 músicos
(OK, havia um DJ e um outro rapper), num set que se aproxima
muito mais dos medalhões de r&b
dos 60 do que propriamente de
seus colegas dos 90.
Não chega a ser uma surpresa.
"Miseducation" presta tributo à
black music dos 50 e 70, numa trilha iniciada pelos Fugees ("Ready
or Not" e "Killing me Softly", dois
hits do trio, foram sucessos dos
Delphonics e Roberta Flack, respectivamente).
A novidade é que Lauryn agora
canta mais do que rima.
A isso se dá o nome hoje de hip
hop soul. O que talvez expresse seu
desejo de ser mais soul que hip hop
é o conteúdo crítico de suas letras.
"Superstar", exatamente uma
das músicas que mais criticam
seus colegas rappers, foi a que escolheu para abertura.
Pot-pourri
Após um pot-pourri de Fugees e
outras do disco precedidas por
prólogos explicativos ("To Zion",
"Lost Ones"), Lauryn abriu espaço
para a banda -uma das três backing vocals tem um alcance vocal
espetacular-, e, malgrado alguns
excessos, a coisa funcionou muito
bem.
Lauryn propôs um duelo entre a
banda (ela incluída) e seu DJ. Pela
reação do público, o DJ levou a melhor. Talvez por ser este um show
inglês.
Mas isso não mudou os planos de
Lauryn, que incluíam ainda o hit
"Doo Wop", uma cover de Steve
Wonder e -apesar de ter dito em
entrevista que essa é uma de suas
favoritas- não estava "Can't Take
My Eyes of You".
Preferiu, para o bis, "Killing me
Softly", um final demasiado r&b
para o público inglês, hoje muito
hip hop.
(PV)
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