São Paulo, sexta, 3 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA CULTURAL
Apesar do fim do monopólio, Petrobrás deve manter investimento de R$ 10 milhões na cultura em 98
Patrocínio é refém de "vontade política"

da enviada especial ao Rio

"Vontade política", seja de ministros, seja de presidentes ou diretores de empresa, é outro fator determinante para garantir o patrocínio a projetos culturais como um instrumento de marketing.
A opinião é do coordenador de publicidade e patrocínio da Petrobrás, Luís Fernando Nery, responsável por administrar os cerca de R$ 10 milhões que a estatal investe no setor anualmente.
"A visão do presidente e da diretoria é que vai determinar o investimento, independente de ser capital privado ou estatal. Isso é o mais importante", afirmou.
O prognóstico é reiterado pelo secretário de Apoio à Cultura do MinC, José Álvaro Moisés. "Tanto o ministro Sérgio Motta, quanto Luiz Carlos Mendonça de Barros demonstraram preocupação com a cultura. Após a privatização das teles, dependerá da compreensão, da mentalidade e da vontade desses grupos de acionistas para continuar investindo", afirmou.
Atualmente, a palavra final sobre os projetos que receberão recursos das teles vem diretamente do Ministério das Comunicações.
O critério, segundo declaração por meio da assessoria de imprensa, é "atender os projetos dos diferentes setores, dos diferentes segmentos culturais do país. A idéia é tentar preservar a cultura e os valores nacionais".
Depois das teles, a Petrobrás é a mais importante investidora em cultura entre as estatais. Ela está em quarto lugar na lista dos 20 maiores investidores quanto à utilização da Lei Rouanet, de incentivo fiscal, divulgada pelo Ministério da Cultura (leia texto ao lado).
A empresa também passa por mudanças atualmente com o final do monopólio do petróleo. A partir de agosto, várias empresas privadas terão autorização para investir no setor -coisa que já acontece hoje com a distribuição.
Num cenário de competitividade, com a participação de empresas de capital privado, está ocorrendo uma reestruturação em várias áreas da empresa.
Para 98, no entanto, está mantido o patamar de R$ 10 milhões de investimento em cultura. Suas prioridades para o ano são artes plásticas, música, eventos de cinema e patrimônio histórico.
Atualmente, a empresa patrocina a mostra "Dalí Monumental", com obras do pintor espanhol em cartaz no Masp (Museu de Arte de São Paulo) e a ópera-instalação de Peter Greenaway. A empresa, que analisa mais de mil propostas por ano, já tem contratos de patrocínio fechados até o 99.
A autonomia de Nery, no entanto, tem limites. Segundo ele, cerca de 40% dos projetos realizados precisam antes passar pela aprovação da diretoria da empresa.
(PATRICIA DECIA)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.