São Paulo, sexta, 3 de julho de 1998

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MÚSICA
Festival suíço, que tem início hoje, traz atrações de vários gêneros musicais, além de exposições e dança flamenca
Montreux celebra namoro com a MPB

CARLOS CALADO
especial para a Folha

O cantor e compositor norte-americano Bob Dylan é a principal atração da noite de abertura do 32º Montreux Jazz Festival, que acontece hoje, na Suíça.
O mais eclético festival musical da Europa prossegue até dia 18. A programação inclui desde blues e funk até música concreta, além de pop eletrônico, folk, MPB, música afro-cubana e, claro, jazz.
Para a música popular brasileira, esta edição do festival terá um sabor de festa. Gilberto Gil, Marisa Monte e os Novos Baianos comemoram amanhã 20 anos de noites brasileiras em Montreux.
Sem dúvida, o pioneirismo desse festival contribuiu para que a MPB conquistasse um espaço cada vez maior nos eventos internacionais.
A tradição de reservar o primeiro fim-de-semana do festival para a música brasileira continua. A noite "Nordeste Brazil", neste domingo, reúne os pernambucanos Alceu Valença, Antúlio Madureira e a banda baiana Eva.
Como já aconteceu em edições anteriores, o festival vai tentar se aliar à Copa. A tática é oferecer telões para que os festivaleiros possam acompanhar os jogos de suas seleções, entre um show e outro.
Mesmo assim, a própria direção do evento acredita que a concorrência do futebol dificilmente permitirá que a marca de 170 mil espectadores, registrada na última edição, seja superada em 98.
Se alguns artistas anunciados para esta edição já se tornaram figurinhas fáceis em Montreux, como B.B.King, Herbie Hancock e George Duke, também não faltam algumas atrações inusitadas.
É o caso do concerto que Pierre Henry, 70, comanda amanhã. Simultaneamente ao show de MPB, o pioneiro compositor de música eletro-acústica exibe pela primeira vez sua obra "Remix da 10ª Sinfonia de Beethoven", envolvido por uma instalação sonora e visual que inclui 60 alto-falantes.
Outra atração incomum para um festival de jazz acontece no dia 13: o cantor e dançarino espanhol Joaquín Cortés comanda uma noite dedicada ao flamenco.
O festival de Montreux não se restringe à música. A exemplo de anos anteriores, uma exposição vai reunir pinturas, gravuras e desenhos de músicos famosos, como o jazzista Miles Davis e os roqueiros John Lennon e Ron Wood.
Ainda nessa linha, quem assina o cartaz oficial do festival em 98 é o cantor e baterista Phil Collins. O ex-Genesis volta a apresentar versões instrumentais de suas canções, acompanhado por uma "big band", como fez em 96.
Outra exposição comemora os 50 anos da gravadora Atlantic. Fotos e vídeos vão lembrar os artistas que fizeram a história desse selo, importante na divulgação de gêneros musicais como o rhythm and blues e a soul music.
Desde o anúncio inicial da programação, em abril, algumas atrações já foram canceladas. É o caso de George Clinton, mestre do funk norte-americano, que será substituído pelo africano Youssou N'Dour, no dia 18.
Divulgado inicialmente como a noite de gala que encerraria o festival, no dia 19, o programa "Oscar Peterson and Friends" também foi cancelado. Entre as novidades aparecem o pianista cubano Gonzalo Rubalcaba e o cantor folk David Crosby.



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