São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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CAMPOS DO JORDÃO
Cancelamentos e desistências marcam a 30ª edição do evento, que vai de hoje até 1º de agosto em SP
Festival começa sem atração internacional

IRINEU FRANCO PERPÉTUO
especial para a Folha

A 30ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão começa hoje sem conseguir confirmar nenhuma grande atração erudita internacional.
Se Gilberto Gil é o grande nome do evento no setor popular (veja quadro ao lado), o erudito tem sido marcado por cancelamentos, substituições e reprises -já que as principais orquestras paulistas que se apresentarão no festival estarão apenas repetindo programas já executados na capital do Estado.
A primeira troca acontece hoje. Alegando doença, o pianista Nelson Freire cancelou seu concerto com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), regida por Roberto Minczuk.
Freire, que tocou com a Osesp no mês passado, será substituído pelo também pianista Jean Louis Steuerman. O programa está mantido: "Sheherazade", de Rimski-Korsakov, "Noite no Monte Calvo", de Mussorgski, e "Rapsódia sobre um Tema de Paganini", de Rachmaninov.
São peças que já foram apresentadas na temporada 99 da Osesp. Mas o clima de "déjà vu" do evento, que vai até 1º de agosto, não pára por aí.
Tanto o programa Brahms, da Orquestra Sinfônica Municipal, quanto o concerto dedicado a Beethoven, da Orquestra Experimental de Repertório, já foram exibidos no mês passado, no Teatro Municipal.
A Orquestra de Ribeirão Preto também estará reapresentando uma atração do mês passado, a cantata "Carmina Burana", de Carl Orff, enquanto a Osesp só toca o "Réquiem Alemão", de Brahms, em Campos do Jordão, depois de tê-lo estreado na reformada Sala São Paulo, dia 29.
Um dos itens de maior interesse do Festival -a ópera "Os Contos de Hoffmann", de Offenbach- vai a Campos do Jordão no dia 25 -48 horas depois de sua estréia, no teatro São Pedro, em São Paulo.
Com direção cênica de Iacov Hillel, a ópera terá um homogêneo elenco nacional e acompanhamento da Sinfonia Cultura, regida por Luiz Fernando Malheiro.
De resto, artistas brasileiros importantes radicados no exterior -como o violoncelista Antonio Meneses e os pianistas José Feghali e Arnaldo Cohen- também marcam presença na 30ª edição do Festival.
Mas o que chama mesmo a atenção na parte erudita é a falta de um grande nome de fora -a Orquestra Jovem de Stuttgart que está vindo ao Brasil não é formada por músicos profissionais, e sim por estudantes.

Descartado
Durante o mês de junho, vários astros internacionais foram sondados pela direção do evento, e chegou a ser anunciada à imprensa a contratação de Maxim Venguerov, "superstar" russo de 25 anos que já veio ao Brasil duas vezes e é hoje mundialmente reconhecido como um dos maiores violinistas da atualidade.
Porém, na semana passada, Venguerov foi subitamente descartado porque era "caro" (por cobrar cachê de US$ 45 mil, valor abaixo dos US$ 180 mil pagos à soprano norte-americana Kathleen Battle no ano passado) e "desconhecido".
Embora a violinista russa Viktoria Mullova -que também já tocou no Brasil- tenha sido oficialmente declarada como a substituta de Venguerov, a Folha apurou que ela não assinou contrato para tocar no festival de Campos do Jordão.
Leila Josefowicz, criança prodígio norte-americana do violino, já foi procurada para substituir Mullova, mas ainda não bateu o martelo. A situação permanece em aberto: ou se encontra um substituto para Mullova ou o festival fica sem nenhum destaque erudito internacional.


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