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TELEVISÃO
Governo quer proibir sexo até as 21h30
DANIEL CASTRO
da Reportagem Local
O governo federal quer proibir
cenas de sexo e violência na televisão antes das 21h30, criando um
capítulo que imponha "limites e
consequências" às emissoras na
futura Lei de Comunicação Eletrônica de Massa.
Por enquanto, o veto ao sexo e à
violência é apenas uma ameaça
-e uma reação a uma nova "onda
de baixaria" levada ao ar nas duas
últimas semanas pelo "Programa
do Ratinho", SBT, que exibiu imagens de uma mulher que "fuma" e
atira dardos pela vagina. O governo, segundo o secretário nacional
de Direitos Humanos, não irá recorrer à lei caso as redes de TV
apresentem, até 20 de setembro,
seus próprios códigos de ética.
O anteprojeto de lei, tramitando
no Ministério das Comunicações,
deve regulamentar toda a atividade de rádio e televisão no país.
A discussão sobre os códigos de
ética -ou "manuais de qualidade"- surgiram em novembro
passado, após a Folha revelar que o
"Programa do Ratinho", do SBT,
exibia brigas forjadas.
Naquele mês, o secretário Gregori se reuniu com representantes
das emissoras e pediu que elas elaborassem seus manuais de qualidade, numa tentativa de elas próprias determinarem seus limites.
Até agora, apenas a Bandeirantes
e as emissoras públicas (Cultura,
por exemplo) apresentaram os
seus decálogos de princípios genéricos. SBT, Record e Globo dizem
que estão elaborando seus códigos.
Na próxima semana, Gregori deve convocar as redes de TV para
uma nova rodada de negociações,
entre os dias 12 e 16, em Brasília.
"Vou dar prazo até 20 de setembro
para que elas apresentem seus manuais. Se não apresentarem, o governo vai ter que colocar dispositivos no anteprojeto da Lei de Comunicação Eletrônica de Massa."
Esses dispositivos, segundo o secretário, "conteriam um manual
de qualidade e estipulariam horários em que seriam proibidas cenas
de sexo e violência".
A proposta regulamentaria o artigo 221 da Constituição Federal,
que prevê que as programações de
TV devem respeitar os valores éticos e morais da sociedade, promover a cultura nacional e regional e
dar preferência a finalidades culturais, educativas e informativas.
O secretário diz que as emissoras
não estão cumprindo acordo verbal com o governo, pelo qual iriam
melhorar o nível da programação.
Uma das evidências, segundo o
secretário, foi a reportagem exibida nos dias 24 e 29 de junho pelo
"Programa do Ratinho", em que
uma mulher manipulava objetos
com os músculos do órgão sexual.
As imagens, tratadas com um recurso que as distorce, mostravam a
mulher, tailandesa, introduzindo
um cigarro aceso na vagina e soltando fumaça. Ela também escrevia com um pincel atômico no órgão sexual e introduzia um canudo, com um dardo, e disparava
contra balões de ar, furando-os.
"Gostaria de saber a reação do
Silvio Santos (dono do SBT) assistindo o programa na frente da família, de Flávio Cavalcanti Jr. (diretor do SBT em Brasília) e de Hebe Camargo", provocou Gregori.
Fábio Furiatti, diretor-geral do
"Programa do Ratinho", disse que
a reportagem teve "intuito científico", para mostrar que as mulheres
podem ter orgasmos.
Flávio Cavalcanti Jr., também diretor da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), afirmou que a reportagem mostrou "coisas bizarras, mas
com tratamento jornalístico".
Na quarta-feira, um dia após reprisar a reportagem feita na Tailândia, o "SBT Repórter" reapresentou um programa sobre um hotel de nudismo, repleto de mulheres nuas -dessa vez sem retoques.
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