|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DISCO LANÇAMENTO
Ringo Starr retorna brilhante com
uma pequena ajuda de seus amigos
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
"Vertical Man", novo e melhor
álbum de Ringo Starr, prova mais
uma vez a principal qualidade do
homem que tocava bateria nos
Beatles: ele é um aglutinador social e musical.
O grande papel de Ringo na cultura pop foi ter ajudado a manter
os Beatles juntos até 1970. Se dependesse da tranquilidade zen de
George Harrison, sempre para lá
de Marrakech, o delicado equilíbrio entre as personalidades marcantes de John Lennon e Paul
McCartney teria implodido o grupo um bom tempo antes.
Ringo era o bonachão, aquele
que era querido por todos e servia
de muro das lamentações para cada um. Assim, a banda continuava
e produzia discos geniais.
No novo trabalho de sua bissexta
carreira solo, Ringo encheu o estúdio de amigos feras e, mais uma
vez, conseguiu que cada um desse
o máximo. O resultado é um CD
primoroso, com canções pop muito sofisticadas, mas que grudam
no ouvido. Ou seja, bem Beatles.
A lista de convidados é um "hall
of fame" do pop: o exímio e veterano guitarrista Joe Walsh, Steven
Tyler (vocalista do Aerosmith),
Scott Weiland (ex-vocalista do
Stone Temple Pilots, agora em
carreira solo), o soberano do metal Ozzy Osbourne, a lenda Brian
Wilson (ex-líder dos Beach Boys),
o trovador americano Tom Petty,
a cantora Alanis Morissette e mais
dois carinhas iniciantes, Paul
McCartney e George Harrison.
Descontada a grande força desse
"dream team", o CD comprova
também que a sociabilidade não é
o único talento de Ringo. Se existe
alguém que ainda acredite na balela das "limitações musicais" do
ex-Beatle, as 13 faixas de "Vertical
Man" reduzem essa teoria a pó.
Ringo continua um cantor interessante, mas com deslizes. Seu
vozeirão empostado cai melhor
em baladas meio aceleradas, tipo
canção de cabaré. Nas faixas mais
lentas (que são poucas no álbum),
ele soa meio canhestro.
No entanto, irrepreensível é sua
noção de harmonia, sua capacidade de encontrar o arranjo certo
para valorizar a melodia que tem
nas mãos. Comparando, é um
Paul McCartney sem lapidação.
Hits em potencial abundam.
"Mindfield" e "One" são o sonho de qualquer grupo do britpop.
"Drift Away", com Ringo dividindo as estrofes da música com
Tom Petty e Alanis, é impecável.
Por tudo isso, a regravação de
"Love Me Do", clássico de primeira hora do Beatles, soa equivocada. Num álbum tão bom, é melhor ficar com o repertório novo.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|