São Paulo, Terça-feira, 03 de Agosto de 1999
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MÚSICA
Festival vira associação e quer investir em bandas locais
Porão do Rock reúne 22 bandas e 20 mil pessoas em Brasília

RODRIGO DIONISIO
enviado especial a Brasília

Concha Acústica do Lago, em Brasília, lotada por aproximadamente de 20 mil pessoas. Grupos locais tocando rock, ska, blues e reggae. O Plebe Rude encerra os dois dias de show. Começo dos anos 80? Não, foi no último fim-de-semana no Distrito Federal.
O festival Porão do Rock 99, que aconteceu de 31/7 a 1º/8, surgiu exatamente para reavivar a cena musical da cidade. A primeira edição, no ano passado, reuniu 14 bandas em apenas um dia de shows. Este ano, o festival cresceu e vai virar uma associação.
A história começou quando a rádio Cultura FM de Brasília (100,9), por meio do programa Cult 22, levantou a existência de 107 bandas em atividade no DF. "Nós percebemos que havia muita gente profissional por aqui e que era hora de fazer alguma coisa legal",diz o coordenador do festival e vocalista do grupo Plástika, Ulysses Xavier.
"Fazer alguma coisa" significou montar uma comissão de músicos e selecionar 18 participantes entre os 107 grupos locais. "Então, pedimos para esses músicos indicarem gente de fora de Brasília que pudesse participar", conta o coordenador. Assim, foram chamadas mais quatro bandas: Ultramen (RS), Sheik Tosado (PE), Autoramas (RJ) e Inocentes (SP).
Com a programação definida, era hora de correr atrás do dinheiro. O orçamento original do festival era de R$ 200 mil, segundo Xavier, mas o grupo conseguiu muito mais. "Só de inserções publicitárias na TV, nós ganhamos o equivalente a R$ 80 mil", afirma.
O festival ganhou a campanha publicitária, a produção de 2.000 cartazes e de 20 mil fanzines para divulgar o evento, o sistema de luz e som, com o incentivo da prefeitura do DF, e a gravação dos shows, que vão virar um CD.
O disco deve sair até o final do ano, pela gravadora Trama, e o novo clipe do grupo Rumbora, "Ó do Borogodó", vai sair da gravação da apresentação.
Com o público recorde, o Porão do Rock passou a ser o segundo maior festival independente do país, só perdendo para o Abril Pro Rock, segundo Xavier. O Porão também faz parte agora do calendário oficial de eventos do DF.
Ainda este ano, será criada a Associação Porão do Rock, para realizar os festivais dos próximos anos e para gerar dinheiro para a produção local. "Com a associação formalizada, 34% do dinheiro conseguido para os eventos será investido na prensagem de CDs das bandas locais", diz Xavier.
"Todo mundo trabalhou aqui sem cobrar nada, eu mesmo sou músico e não produtor. Acho que nós estamos participando de um momento histórico, mas esse tipo de coisa você só consegue perceber depois, e não quando tudo está acontecendo", afirma Xavier.


O jornalista Rodrigo Dionisio viajou a convite da organização do festival


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