MARCELO NEGROMONTE
da Redação

Toda menina baiana tem um jeito que Deus dá. Mas essas meninas baianas tiveram que amargar no "freezer" da Sony antes de o seu primeiro disco, pronto há mais de um ano, chegar às lojas. A indie soteropolitana Penélope (ex-Charmosa) chega com guitarras, batom, voz sedutora de Érika Martins, diversão, ingenuidade e convida gentilmente para entrar em "Mi Casa, Su Casa".
Rock, pop quase "bubblegum", letras oscilando entre adolescência, o amor e um jeito charmoso, por mais que a Hanna Barbera impeça a banda de se chamar Penélope Charmosa, como ficou conhecida no Abril Pro Rock de 97.
Da escola de Rita Lee, Sempre Livre, Gang 90, as mulheres Érika Martins, Erika Nande, Constanza Scofield e os homens Mario Jorge e Luisão passam ao largo do clichê de temas existenciais femininos e embarcam na singeleza pop.
Como na descompromissada "Naqueles Dias", que faz da menstruação um ato quase conformista: "Eu não sei se vou namorar/ hoje estou rubra abaixo da cintura". TPM zero.
E "Namorinho de Portão", de Tom Zé, apesar de agudos excessivos da vocalista, é deliciosinha com toques psicodélicos.
Na faixa-título convidam a entrar no mundo de Penélope, avisando, decididas, que "não sei para onde vou/ mas, mesmo assim, vou". E foram com guitarras sobre as saias. É o jeito delas.
Óbvio que a gravadora incluiu uma versão ao vivo de "Tão Seu", do Skank, tão desprezível quanto o anúncio do site da Sony no encarte do disco -um abuso.
Para lançar seu primeiro disco, uma banda não deveria passar por essa descaracterização abominável. Mas a Internet está mudando tudo isso. Aguarde.

Avaliação:   

---

Disco: Mi Casa, Su Casa
Banda: Penélope
Lançamento: Chaos/Sony
Quanto: R$ 18, em média



Texto Anterior: Polêmica: Shakespeare choca em Salzburgo
Próximo Texto: "1" alisa o "cabelo duro" de Wilsom Sideral
Índice