São Paulo, Terça-feira, 03 de Agosto de 1999
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EXPOSIÇÃO
Evento no MIS sintetiza trabalho realizado pela marca M. Officer com artistas contemporâneos
"Contaminação" mistura arte e moda

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

O estilista Carlos Miele, da M. Officer, chegou lá. Depois de tentar, com todas as forças (suas e de amigos artistas, fotógrafos e músicos contemporâneos), realizar em seus modelos e desfiles a conjunção de arte e moda, Miele conquista, a partir de hoje, um espaço museológico da cidade -o Museu da Imagem e do Som- para exibir suas criações.
A mostra "Contaminação" começa com sequência de fotos de Arthur Omar feitas a partir dos vídeos que realizou com a marca: "A Última Sereia", "A Lógica do Êxtase" e "Pânico Sutil" (os dois últimos irão para a retrospectiva de Arthur Omar, no MoMA de NY, e serão exibidos no evento).
Tunga ocupa a privilegiada sala oval do museu com uma simulação do desfile que realizou em 1997. O artista criou uma instalação em que redes repletas de objetos utilizados na ocasião, como ossos, baldes e funis, cairão sobre fotos do desfile.
De Iran do Espírito Santo, um dos primeiros a trabalhar com a grife, serão apresentadas impressões que realizou sobre tecido, hoje no acervo do MAM-SP.
Comparecem ainda fotos de Wilton Montenegro da performance de Cabelo (desfile de 1998), fotos de Mário Cravo Neto sobre performance de Carlinhos Brown e o grupo Timbalada, fotos de moda de Rafic Farah, fotos de bastidores de desfiles por André Schiliró e jóia de Tomie Ohtake criada para desfile, além de quatro vídeos de Carlos Miele (o último, "Corpo Presente - Fronteiras Imaginárias", é sobre a obra de Nelson Leirner) e modelos e tecidos de sua grife. O espaço foi concebido pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
"Não existe uma curadoria. Foram atitudes intuitivas. Essa relação entre arte e moda tem criado um estranhamento, tem feito as pessoas pensarem. Essa nossa atitude ainda hoje causa estranhamento no mundo da moda", disse Carlos Miele sobre seu trabalho, declaração que em certa forma reitera o caráter híbrido que marca o evento.
"Contaminação" é híbrida e institucional, já que, além de tentar abrir os olhos da moda para a arte, serve também para divulgar o trabalho desenvolvido pela marca. Caberá ao espectador manter seus olhos abertos e saber diferenciar o que é moda, o que é arte e como o mercado conseguiu reunir os dois, para optar pelo que melhor lhe convém.


Mostra: Contaminação
Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 0/xx/ 11/881-4417)
Vernissage: hoje, às 20h
Quando: de ter. a dom., das 14h às 22h
Quanto: grátis




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