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GRANDE ANGULAR
"Somos ricos para resolver a fome"
Ana Ottoni/Folha Imagem
![](../images/i0309200302.jpg) |
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, 59, que lança nesta semana em São Paulo campanha sobre sua ONG, Instituto Terra |
Sebastião Salgado, 59, o fotógrafo brasileiro mais conhecido da atualidade, principalmente por seu trabalho
de cunho social, está em São
Paulo para lançar a campanha de sua ONG, Instituto
Terra, sediada em Aimorés
(MG) e responsável pelo
maior reflorestamento atual
de Mata Atlântica no Brasil.
No intervalo, falou à coluna:
Folha - Sente-se mais à vontade num governo teoricamente
de esquerda como o atual ?
Sebastião Salgado - Não, nem
é a questão, pois trabalhávamos bem com o outro governo,
também. Tenho pouco mais de
esperança com este, que tem
preocupação social maior.
Folha - Foi chamado a colaborar com o atual governo?
Salgado - Não, só fui convidado para a posse pelo Lula.
Folha - Se chamado, iria?
Salgado - Não posso, trabalho
tanto, fotografo tanto! Além
disso, não sou político. Ficaremos melhor com os políticos lá
e eu fotografando aqui.
Folha - Concorda com a crítica
de que Lula apenas continua a
política econômica de FHC?
Salgado - Não critico, não. Seria muito difícil entrar e fazer
uma modificação, significaria
criar uma revolução, e isso daria numa coisa tipo Venezuela.
Folha - E o Fome Zero?
Salgado - Devíamos trabalhar
um pouco mais acima, muito
mais na distribuição de renda.
Pensar numa verdadeira reforma agrária. Sou contra solicitar
ajuda externa ao Fome Zero. É
problema nosso, que temos de
assumir, somos ricos suficientes para resolver nossa fome.
Folha - Não sentiu vontade de
cobrir a Guerra do Iraque?
Salgado - Eu deveria ter ido ao
Iraque em junho, não pela
guerra, mas uma reportagem
sobre o seu efeito na população
civil, o número de pessoas que
ficaram deficientes com bombas. Mas nenhuma revista quis.
Folha - E agora?
Salgado - Faço "Gêneses",
que durará oito anos. A vida da
gente é muito curta...
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