São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2004

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RUÍDO

Modelo atual é inviável, diz executivo

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Executivo que participou da fase axé da Universal e da efêmera experiência Abril Music, Alexandre Ktenas, 36, arquiteta troca de rota, fundando o selo independente Ufa e adotando nova retórica sobre o mercado.
"O modelo atual provou que não é mais eficaz. As novas tecnologias e as piratarias em todas as suas formas tornaram a simples venda de CDs em lojas um mau negócio, para não dizer inviável", dispara Ktenas.
"E não adianta culpar os chineses, os paraguaios, a polícia ou os hackers, nem olhar para o umbigo sujo e achar que a culpa é da própria indústria e de seus executivos. Todo mundo vai ter que rebolar para se adaptar à nova realidade. Inventaram a máquina de tear, mas não adianta matar as costureiras."
Como rebola Ktenas? Um de seus artistas, o veterano Léo Jaime, deve gravar as faixas de um novo disco aos poucos, lançando as faixas imediatamente na internet e em singles.
"No site, vai se poder baixar a música, e o número da conta estará ali ao lado no site para podermos pagar direitos. Se o cara achar por bem pagar, lindo. Se não, celebramos um acordo com as editoras para pagar de acordo com as médias de músicas baixadas", diz. Depois, um CD de 14 faixas será montado e vendido via internet e em shows.
O Ufa também lançará o novo CD dos gaúchos roqueiros do Bidê ou Balde?, que elegeram o título ("É Preciso Dar Vazão aos Sentimentos") por enquete entre internautas do Orkut.

O NÃO-LANÇAMENTO

Com o auxílio de Luiz Calanca, da loja/selo independente paulistano Baratos Afins, Arnaldo Baptista ensaiou uma volta pós-traumatismo craniano em 1987, com este estranhíssimo "Disco Voador". A capa era uma pintura do próprio ex-mutante, e as nove faixas gravadas com qualidade técnica e segurança artística próximas de zero transpiravam o desalento em que Arnaldo se encontrava. Luiz Calanca refere-se hoje ao "Disco Voador" como um LP que "teve mesmo mais valor terapêutico que artístico" -e nunca o relançou em CD. Mas se trata de um testemunho vivo (ainda que de certa forma até cruel) do vagaroso e progressivo processo de recuperação do músico, que culmina agora no altivo "Let It Bed", o álbum que a medicina disse que nunca existiria.

RAP NA MAJOR
Formada por dois veteranos do hip hop paulista, a dupla Helião e Negra Li chega à grande indústria musical com aparato. A major Universal investe no disco, que terá participação especial de Marcelo D2, entre outros. A faixa "Guerreiro & Guerreira" está incorporada à trilha da nova novela global das sete. E a dupla abrirá os shows do rapper norte-americano 50 Cent no Rio e em São Paulo, dias 17 e 18.

SAMBALANÇO 1
Diva secreta do samba-rock nos anos 70, Elizabeth Viana está de volta, gravando CD inédito sob produção de Luis Vagner e fazendo shows todas as quartas de setembro, na Cervejaria Imperial, em São Paulo. Em fevereiro passado, ela tentava contato com Jorge Ben Jor (autor de seu maior sucesso, "Meu Guarda-Chuva"), pedindo-lhe uma música inédita pelo mural de recados do site oficial do autor (www.jorgebenjor.com).

SAMBALANÇO 2
O grupo de bossa eletrônica Bossacucanova reserva vaga para uma constelação samba-soul em seu novo CD, "Uma Batida Diferente": participam Marcos Valle, Trio Mocotó, Orlandivo, Bebeto e Wilson Simoninha, entre outros.

psanches@folhasp.com.br


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