São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2001

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JAZZ

Cantora vem liderando as paradas do gênero da Billboard e já foi até comparada a Ella Fitzgerald

Voz de Jane Monheit conquista Kenny Barron e Ron Carter

DA REDAÇÃO

Pelo telefone, em entrevista à Folha, a cantora norte-americana Jane Monheit, 23, fala como quem economiza a voz. O tom é suave. É difícil imaginar que do outro lado da linha está a mulher que, com seu mais recente CD, "Come Dream with me", liderou por 13 semanas a parada de jazz da "Billboard" -nesta semana está em terceiro lugar- e que atrai feras como o pianista Kenny Barron e o baixista Ron Carter para as suas gravações.
"No começo, fiquei nervosa ao ver aqueles homens no estúdio. Mas consegui me acalmar e cantei de maneira que também os estimulasse", diz. Para Monheit, mais importante do que dividir estúdios com músicos respeitados foi conquistar seu respeito. Segundo a cantora, nesse quesito, o belo rosto virou um estorvo. "É sempre mais desafiador. Passo o tempo todo provando que sou primeiro uma cantora."
O mundo da música começou a recompensar os esforços da moça a partir de 1998, quando ela foi vice-campeã na competição de canto feminino do instituto Thelonious Monk. O prêmio que levou foi uma bolsa de estudos no valor de US$ 10 mil.
O dinheiro e as aulas acabaram no ano seguinte, mas ela não sente falta. "Acho que as aulas não são mais tão necessárias, pois sei as técnicas e os cuidados para manter a minha voz em forma. Eles são meio óbvios: não fumo, evito bebidas geladas, procuro falar baixo e canto bastante", afirma a cantora.

Comparação
Depois da estréia no ano passado, com o CD "Never Never Land", Monheit surpreendeu muita gente com o alcance da sua voz. Mas os mais entusiasmados exageraram, chegando a comparar a novata com a consagradíssima Ella Fitzgerald (1917-1996).
"Talvez essas pessoas tenham encontrado algumas similaridades devido ao que eu aplico, na minha música, após ter aprendido nos discos dela", diz Monheit. "Independentemente disso, não posso negar que a comparação me deixa nervosa."
Para ela, é apenas a vontade de participar do musicalmente sofisticado mundo do jazz que explica o aumento no número de novas caras que vêm exercitando seus talentos no gênero. "Do meu lado, eu nunca pensei em cantar outra coisa. Quanto às outras, acho que pensam como eu. A gente sempre quis fazer parte disso."
Apesar de já ter gravado "Dindi" e "Águas de Março", a cantora ainda não tem previsão de quando irá se apresentar na terra de Tom Jobim. "Talvez no ano que vem", afirma. "Amo as músicas dele. As melodias são tão envolventes que eu não consigo resistir. Quero conhecer a fonte de inspiração."


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