São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2001

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Bossa nova permeia quase todo o novo disco

DA REDAÇÃO

Diana Krall chega ao seu sétimo disco, "The Look of Love", com o mérito de ter levado para o jazz uma platéia que normalmente se dá por satisfeita com músicas de três acordes.
Já lidera na Billboard, mas, diz ela, isso não é suficiente para provocar arrepios de empolgação. "Meu namorado me disse que o CD era o mais vendido. Mas estou concentrada na música e não ligo muito para as vendas", disse, por telefone, de Nova York, à Folha.
Dois anos e meio separam o atual CD de Krall do anterior, "Love Scenes". Ela afirma que esse tempo foi necessário para a seleção criteriosa do repertório, dominado por baladas.
É esse o melhor tipo de música para ouvir hoje, com os atentados e o risco de guerra? "Não era essa a intenção original. Mas é inegável que as baladas têm potencial para dar conforto às pessoas."
Não por acaso, uma atmosfera de bossa nova permeia quase todo o disco. O produtor escalado para a empreitada foi Tommy LiPuma, que, entre outros, responde por "Amoroso", a obra-prima de João Gilberto.
Para transformar em arranjos as idéias de LiPuma foi convocado o maestro alemão Claus Ogermann, que, além de "Amoroso", pôs sua batuta a serviço do disco "Francis Albert Sinatra and Antonio Carlos Jobim". "Uma das minhas maiores fontes de inspiração", lembra Krall.
"Não foram necessárias muitas palavras para que a mágica com Ogermann acontecesse. Ele ficou surpreso com o que eu sabia a seu respeito. Quando era estudante, todas as noites eu colocava "Cityscape" [disco de Ogermann com o saxofonista Michael Brecker, de 82" para tocar antes de dormir."
Talvez o maestro tenha trabalhado bem demais. Na maioria das faixas, o piano de Krall ficou criando poeira em um canto do estúdio. "Acho que essa atitude foi artisticamente apropriada para o álbum", justifica ela.
Com o piano de lado, ela dedicou-se mais ao microfone. Cantou até "Besame Mucho" em espanhol, idioma que desconhece. "Fizemos uma versão em inglês, mas não funcionou. Com a ajuda de um amigo argentino, treinei e, com muito esforço, acho que consegui me fazer entender."
Krall aproveita para lembrar aquele que, diz ela, foi um momento eletrizante de sua carreira. Aconteceu em setembro, na casa paulistana Bourbon Street. Sem saber a letra em português, Krall engatou "Garota de Ipanema". A platéia foi em seu socorro e cantou. "Foi a primeira e única vez que vi os marmanjos da minha banda chorando."


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