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Bossa nova permeia quase todo o novo disco
DA REDAÇÃO
Diana Krall chega ao seu sétimo
disco, "The Look of Love", com o
mérito de ter levado para o jazz
uma platéia que normalmente se
dá por satisfeita com músicas de
três acordes.
Já lidera na Billboard, mas, diz
ela, isso não é suficiente para provocar arrepios de empolgação.
"Meu namorado me disse que o
CD era o mais vendido. Mas estou
concentrada na música e não ligo
muito para as vendas", disse, por
telefone, de Nova York, à Folha.
Dois anos e meio separam o
atual CD de Krall do anterior,
"Love Scenes". Ela afirma que esse tempo foi necessário para a seleção criteriosa do repertório, dominado por baladas.
É esse o melhor tipo de música
para ouvir hoje, com os atentados
e o risco de guerra? "Não era essa
a intenção original. Mas é inegável
que as baladas têm potencial para
dar conforto às pessoas."
Não por acaso, uma atmosfera
de bossa nova permeia quase todo o disco. O produtor escalado
para a empreitada foi Tommy LiPuma, que, entre outros, responde por "Amoroso", a obra-prima
de João Gilberto.
Para transformar em arranjos
as idéias de LiPuma foi convocado o maestro alemão Claus Ogermann, que, além de "Amoroso",
pôs sua batuta a serviço do disco
"Francis Albert Sinatra and Antonio Carlos Jobim". "Uma das minhas maiores fontes de inspiração", lembra Krall.
"Não foram necessárias muitas
palavras para que a mágica com
Ogermann acontecesse. Ele ficou
surpreso com o que eu sabia a seu
respeito. Quando era estudante,
todas as noites eu colocava "Cityscape" [disco de Ogermann com o
saxofonista Michael Brecker, de
82" para tocar antes de dormir."
Talvez o maestro tenha trabalhado bem demais. Na maioria
das faixas, o piano de Krall ficou
criando poeira em um canto do
estúdio. "Acho que essa atitude
foi artisticamente apropriada para o álbum", justifica ela.
Com o piano de lado, ela dedicou-se mais ao microfone. Cantou até "Besame Mucho" em espanhol, idioma que desconhece.
"Fizemos uma versão em inglês,
mas não funcionou. Com a ajuda
de um amigo argentino, treinei e,
com muito esforço, acho que consegui me fazer entender."
Krall aproveita para lembrar
aquele que, diz ela, foi um momento eletrizante de sua carreira.
Aconteceu em setembro, na casa
paulistana Bourbon Street. Sem
saber a letra em português, Krall
engatou "Garota de Ipanema". A
platéia foi em seu socorro e cantou. "Foi a primeira e única vez
que vi os marmanjos da minha
banda chorando."
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