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TELEVISÃO
Apresentadores falam da discussão de problemas domésticos na TV em evento que começa hoje e antecipam debate à Folha
Ratinho e Cazé lavam roupa suja no Rio
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os apresentadores Carlos Massa, o Ratinho, do SBT, e Cazé Peçanha, da Globo, farão parte de
uma mesa de debates, na sexta-feira, do 1º Encontro Internacional de Televisão, que começa hoje
no Rio de Janeiro. O tema: "Roupa Suja se Lava na TV".
O assunto deve ser um dos mais
polêmicos do evento, que tem
confirmada também a participação de Chris Cramer, presidente
da CNN Internacional, Daniel Filho, diretor da Globo, Max Fivelinha, apresentador da MTV, além
de executivos da TV, intelectuais e
representantes do governo (confira a programação no site
www.encontro.tv).
O evento está sendo organizado
pelo Instituto de Estudos de Televisão, dirigido pelo jornalista e
documentarista Nelson Hoineff, e
discutirá questões como audiência, ética, legislação, entre outros
temas relacionados à TV.
Cazé e Ratinho, frente a frente,
falarão sobre a transformação do
anônimo em personalidade na televisão. O apresentador da Globo,
que "vê pouco" o "Programa do
Ratinho", e o do SBT, que nunca
assistiu ao "Sociedade Anônima",
comandado por Cazé durante nove domingos, têm visões diferentes sobre o tema.
E, para tentar antecipar um
pouco do que promete ser a discussão, Cazé elaborou, a pedido
da Folha, algumas questões para
Ratinho. A entrevista, intermediada pela reportagem, segue
abaixo e deve ser só o começo da
lavagem de roupa suja.
Cazé Peçanha - Você se sentiria à
vontade em expor algum eventual
problema familiar, com sua mulher, por exemplo, em um programa como o seu? Por quê?
Ratinho - Se houvesse necessidade disso para resolver o problema,
eu iria. As pessoas vão ao meu
programa quando não conseguem resolver as brigas fora dele.
Se conseguissem, não iriam. O
importante para elas, e isso vale
para mim também, é resolver.
Cazé - O preço que se paga para
receber na TV o serviço que você diz
prestar não é muito alto, pela exposição a que a pessoa costuma ser
submetida? Não haveria como
prestar o mesmo serviço sem que
as pessoas fossem expostas assim?
Ratinho - Eu não vejo dessa forma. Quando um problema chega
ao meu programa, é porque a pessoa não conseguiu outra forma de
resolvê-lo. Ninguém quer vir ao
meu programa. O Cazé é muito
sabido, muito inteligente..., mas
quero ver ele ir pedir pensão em
um lugar onde ninguém o conheça, com advogado público, para
ver quanto tempo ele fica na fila.
Fica cinco anos.
Cazé - O que faz para se distanciar
dos dramas de quem leva ao palco?
O distanciamento não se torna necessário para manter o tom de espetáculo diante de histórias tão dramáticas?
Ratinho - Não vejo assim também. Eu não me distancio. Para
fazer o que faço, tem que se envolver. E faço isso porque tenho
competência para resolver cada
situação que levo ao palco. Cada
um nasce para uma coisa.
Cazé - Se pudesse fazer um programa sem nenhum compromisso
comercial ou sem responsabilidade
de dar audiência, qual faria?
Ratinho - Exatamente o mesmo.
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