São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2005

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MEMÓRIA

"Sartre: Razões da Liberdade", organizado pelo CCBB, tem palestras, filmes e leituras; biógrafa francesa lança livro

Intelectuais discutem as "razões" de Jean-Paul Sartre

MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL

Até o próximo domingo, o CCBB-SP lembra o centenário de nascimento de Jean-Paul Sartre com uma programação extensa de palestras, documentários e leituras dramáticas. Um dos destaques é a presença da principal biógrafa do filósofo, a francesa Annie Cohen-Solal, que lança amanhã, às 20h30, o livro "Sartre" (L&PM, tradução de Paulo Neves; R$ 12, 154 págs.).
O Brasil é o primeiro país a traduzir o livro de Cohen-Solal. Também foi assim com a famosa biografia que ela lançou em 1985, publicada aqui pela mesma L&PM, em 1987 (permanece esgotada). A edição é uma versão reduzida e atualizada da biografia. Cohen-Solal aponta no livro a grande influência de Sartre entre intelectuais de todo o mundo, especialmente no Brasil, e, paradoxalmente, a rejeição que a figura do filósofo experimenta atualmente entre os franceses.
Outro destaque é a presença da jornalista canadense Madeleine Gobeil-Noël. Ela entrevistou o filósofo e Simone de Beauvoir em 1967, material que deu origem ao documentário "Retrato Cruzado", de Max Cacopard, em exibição no evento. Mantido inédito até este ano, é um dos poucos registros a expor com declarações francas o universo íntimo dos dois pensadores, ícones nos anos 60. Também permite analisar questões que marcaram o período: a Guerra do Vietnã, o tribunal Bertrand Russel contra crimes de guerra, a recusa de Sartre ao Prêmio Nobel etc.
Este documentário também permite ver o cotidiano do casal, mediante imagens que se integraram à mitologia da esquerda: os dois apartamentos separados que mantinham em Montparnasse, uma reunião da revista "Les Temps Modernes", as ruas de Saint-Germain-des-Près e o café de Flore, "point" dos existencialistas e da esquerda parisiense.
O evento também terá palestras reunindo intelectuais que têm intimidade com a obra do teórico, como Franklin Leopoldo e Silva, Benedito Nunes, Zeljko Loparic, Paulo Arantes, Bento Prado Jr., Fausto Castilho e Luís Meyer. Os três últimos recepcionaram Sartre na sua famosa passagem pelo Brasil, em 1960.
O diretor José Celso Martinez Corrêa, que também teve contato com Sartre em 1960, participa com duas leituras: "A Engrenagem", que Zé Celso e Augusto Boal adaptaram em 1959, e "As Mãos Sujas". Nesta última, Zé Celso aproveita para homenagear o filósofo Gerd Bornheim, um dos divulgadores de Sartre no Brasil. Já o ator Luís Melo deve participar da leitura do monólogo "Situações", da curadora do evento, Clarisse Fukelman, com direção de Márcio Abreu .

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