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MEMÓRIA
"Sartre: Razões da Liberdade", organizado pelo CCBB, tem palestras, filmes e leituras; biógrafa francesa lança livro
Intelectuais discutem as "razões" de Jean-Paul Sartre
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
Até o próximo domingo, o
CCBB-SP lembra o centenário de
nascimento de Jean-Paul Sartre
com uma programação extensa
de palestras, documentários e leituras dramáticas. Um dos destaques é a presença da principal
biógrafa do filósofo, a francesa
Annie Cohen-Solal, que lança
amanhã, às 20h30, o livro "Sartre"
(L&PM, tradução de Paulo Neves; R$ 12, 154 págs.).
O Brasil é o primeiro país a traduzir o livro de Cohen-Solal.
Também foi assim com a famosa
biografia que ela lançou em 1985,
publicada aqui pela mesma
L&PM, em 1987 (permanece esgotada). A edição é uma versão
reduzida e atualizada da biografia. Cohen-Solal aponta no livro a
grande influência de Sartre entre
intelectuais de todo o mundo, especialmente no Brasil, e, paradoxalmente, a rejeição que a figura
do filósofo experimenta atualmente entre os franceses.
Outro destaque é a presença da
jornalista canadense Madeleine
Gobeil-Noël. Ela entrevistou o filósofo e Simone de Beauvoir em
1967, material que deu origem ao
documentário "Retrato Cruzado", de Max Cacopard, em exibição no evento. Mantido inédito
até este ano, é um dos poucos registros a expor com declarações
francas o universo íntimo dos
dois pensadores, ícones nos anos
60. Também permite analisar
questões que marcaram o período: a Guerra do Vietnã, o tribunal
Bertrand Russel contra crimes de
guerra, a recusa de Sartre ao Prêmio Nobel etc.
Este documentário também
permite ver o cotidiano do casal,
mediante imagens que se integraram à mitologia da esquerda: os
dois apartamentos separados que
mantinham em Montparnasse,
uma reunião da revista "Les
Temps Modernes", as ruas de
Saint-Germain-des-Près e o café
de Flore, "point" dos existencialistas e da esquerda parisiense.
O evento também terá palestras
reunindo intelectuais que têm intimidade com a obra do teórico,
como Franklin Leopoldo e Silva,
Benedito Nunes, Zeljko Loparic,
Paulo Arantes, Bento Prado Jr.,
Fausto Castilho e Luís Meyer. Os
três últimos recepcionaram Sartre
na sua famosa passagem pelo Brasil, em 1960.
O diretor José Celso Martinez
Corrêa, que também teve contato
com Sartre em 1960, participa
com duas leituras: "A Engrenagem", que Zé Celso e Augusto
Boal adaptaram em 1959, e "As
Mãos Sujas". Nesta última, Zé
Celso aproveita para homenagear
o filósofo Gerd Bornheim, um dos
divulgadores de Sartre no Brasil.
Já o ator Luís Melo deve participar
da leitura do monólogo "Situações", da curadora do evento, Clarisse Fukelman, com direção de Márcio Abreu .
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