São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2005

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CINEMA

Maratona de filmes começa no dia 21 com retrospectiva completa de Manoel de Oliveira e homenagem a Rossellini

Mostra de SP aposta em sucessos de Cannes

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo já esquenta os tamborins. Mesmo sem a programação inteira fechada, alguns títulos já começam a ser divulgados e aguardados (veja ao lado).
Com início no dia 21 e seguindo até 3 de novembro, a expectativa é que esta edição seja menor do que a passada, com 329 filmes. Mas boa parte da programação terá sotaque português, já que o habitué Manoel de Oliveira ganha agora um livro sobre sua obra, editado pela Cosacnaify, e uma retrospectiva completa, com seus quase 40 filmes. Incansável, aos 96 anos, ele exibe o novo "Espelho Mágico" e prepara "Belle Toujours" para o ano que vem.
Outro homenageado é o italiano Roberto Rossellini (1906-1977), com a antecipação das comemorações do centenário de seu nascimento, em 2006. A Mostra vai apresentar "Roma, Cidade Aberta" (1945) e o curta "My Father Is 100 Years Old", dirigido pelo canadense Guy Maddin e escrito e interpretado por sua filha, Isabella Rossellini. A atriz também assina o cartaz deste ano.
Há ainda duas outras retrospectivas. Uma é da atriz espanhola Victoria Abril, que vem fazer um show de seu CD de bossa nova, "Putcheros do Brasil", no dia 27, no Sesc Pinheiros. A outra reúne obras do sueco Victor Sjöström, inspirador de Ingmar Bergman e protagonista de "Morangos Silvestres" (1957). Falando em Bergman, o cineasta participa da Mostra com entrevistas ao documentário "Ingmar Bergman Completo", de Marie Nyreröd, que acompanha sua rotina diária.
Além de Victoria Abril, virão à cidade o cineasta israelense Amos Gitai e o diretor de fotografia australiano Christopher Doyle, de "2046" e "Eros", ambos para ministrar workshops na Faap.
A programação desta edição, que precede a de três décadas de fundação do evento, congrega muitos participantes de festivais internacionais -Cannes, principalmente- mas também estreantes e desconhecidos, voltando à proposta original da Mostra.
Contudo, há boas opções de diretores consagrados, como o bósnio Danis Tanovic, que, após o Oscar de "Terra de Ninguém", agora lança "L'Enfer", inspirado no "Inferno" de Dante. Esta é a segunda parte de um roteiro imaginado por Krzystof Piesiewicz e Krzysztof Kieslowski e não filmado em razão da morte deste último. A primeira, "Paraíso", ficou a cargo do alemão Tom Tykwer.
Também se destaca, por exemplo, a nova produção de Theo Angelopoulos, que inicia trilogia sobre as raízes da Grécia no século 20, sobre um grupo de expatriados que fogem do Exército Vermelho, em Odessa, em 1919.
Se os filmes devem diminuir, as salas vão aumentar, com a inclusão do Memorial da América Latina, que abrigará sessões do Festival da Juventude, para estudantes secundaristas, e da Reserva Cultural, na avenida Paulista. Mais informações no site www.mostra.org ou, a partir do dia 15, na central no Conjunto Nacional.

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