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DANÇA
Partido francês acusa evento de estimular imigração clandestina por exibir grupos de países africanos e árabes
Bienal de Lyon sofre pressão política
Company (Israel), um dos destaques da Bienal da Dança de Lyon
ANA FRANCISCA PONZIO
enviada especial a Lyon
As reações políticas à última Bienal da Dança de Lyon, que se encerrou na França na última quarta-feira, servem de termômetro para
a animosidade social que está se
disseminando na Europa.
Ao completar 16 anos de existência, a Bienal, dirigida por Guy Darmet, enfrenta atualmente a intolerância do Front National, partido
francês de direita, que considerou
perniciosa a programação de 1998.
Depois de exibir a dança de países como França, Alemanha e Estados Unidos em suas primeiras
edições, a Bienal vem apresentando, desde 1994, as manifestações
derivadas da mestiçagem cultural,
geradas em regiões da África,
América Latina e do mundo árabe.
Neste ano, sob o título "Mediterrânea", procurou revelar a produção proveniente de países como
Itália, Espanha, Turquia, Grécia,
Tunísia, Egito e Israel.
Para representar a Argélia, onde
os conflitos civis provocaram o encerramento das atividades profissionais de dança, a Bienal convidou os artistas argelinos que vivem
na França.
Foi o suficiente para o Front National ostentar oposição. "A Bienal
está sendo acusada de estimular a
imigração clandestina na França",
disse Darmet à Folha, assegurando
que manterá o evento aberto à livre
manifestação.
Apesar das oposições políticas, a
Bienal de Lyon de 1998 comemorou mais um sucesso. Sempre com
teatros lotados, teve como ponto
forte a dança de Israel, que vem
conquistando projeção internacional.
Em torno da principal companhia israelense, a Batsheva Dance
Company, que se apresentou no
Brasil no Carlton Dance Festival de
1995, multiplicam-se hoje grupos
de grande vitalidade, como os dirigidos por Barak Marshall, Inbal
Pinto, Liat Dror e Nir Ben Gal.
Entre esses, Barak Marshall tem
despertado especial interesse com
sua linguagem contemporânea,
fortemente vinculada às tradições
do universo hebreu.
Mas o criador mais brilhante da
dança israelense ainda é Ohad Naharin, diretor da Batsheva Dance
Company. Um dos coreógrafos
mais importantes da atualidade,
Naharin já incluiu uma de suas
obras, "Axioma 7", no repertório
do Balé da Cidade de São Paulo.
"Anaphase", espetáculo de Naharin que o elenco da Batsheva
apresentou em Lyon, mereceria
ser trazido ao Brasil.
Dentro de um universo sem
fronteiras, em que a dança se cruza
com o teatro, a ópera, o cinema e o
show de rock, "Anaphase" celebra
as ilusões da beleza, do poder e do
amor, ao som de uma trilha sonora
que inclui sons de cuíca e ritmo de
samba.
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