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DA RUA
Os diplomatas
FERNANDO BONASSI
Dedilhando canapês de uísque em punho, contando história. Salário em moeda forte.
Condecorações, sobrenomes
e talheres. Colhendo cupons
fiscais em que se paga imposto e aluguel. Motorista na
porta. Terno no armário.
Gravata para carne de pescoço, pronto a ser devorado à
menor revolução. Aliás, pela
verba de representação e pela
democracia, penduramos na
parede um presidente enfaixado com sorriso amarelo. Se
amanhã for outro, amanheceremos diferentes; tudo
igual. Os telefones vermelhos
de vergonha. A ação cultural
das bactérias empoadas. A
sopa primitiva de um país esfomeado que, de longe, ouvimos dizer. Fora disso tudo, é
favor deixar recado com as
secretárias bilíngues. A gente
dá o visto.
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