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Símbolo da escultura moderna, Moore ganha retrospectiva nos EUA
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Ele também colaborou com o
movimento surrealista, mas é
considerado a melhor tradução
da escultura moderna. O inglês
Henry Moore ganha retrospectiva
na National Gallery, de Washington, na qual não só suas arredondadas e conhecidas formas ganham destaque, mas também as
obras que fizeram parte do movimento liderado por Breton.
Sua inspiração inicial partiu de
culturas africanas e pré-colombianas, assim como grande parte
dos artistas modernistas no início
do século 20. Picasso e Gauguin
são alguns exemplos. Em São
Paulo, a exposição "Parade" apresenta uma máscara Fang, como
símbolo dessa influência.
Sobre a arte mexicana, Moore
afirmou: "A sua dureza, que considero a verdade do material, (...)
sua aproximação a uma concepção de dimensão total da forma,
faz com que ela não seja superada,
em minha opinião, por nenhum
outro período com esculturas em
rocha", segundo texto no catálogo
da exposição.
Na National Gallery, cerca de
160 obras, entre esculturas em
madeira e bronze, maquetes e desenhos, traçam o percurso de
Moore (1898-1986) ao longo de
toda sua atividade produtiva. Trata-se da última escala da exposição, que já foi vista em Dallas e
San Francisco.
Didática, a mostra é dividida em
quatro módulos espalhados pela
asa oriental da National Gallery,
projeto do chinês I. M. Pei. Ela foi
aberta no último dia 17, quando o
Congresso norte-americano, que
fica a poucos metros do museu,
era fechado pelas ameaças de antraz. A mostra fica em cartaz até
27 de janeiro de 2002.
"Esculpindo uma Reputação:
Os Anos 20", o primeiro módulo
da mostra, apresenta as obras
com influência direta das culturas
não européias, que Moore pesquisou no British Museum, de
Londres. "Reclining Woman", de
1927, série que o acompanhou pelo resto da vida, é uma das obras
dessa seção.
"Abstração e Surrealismo - Os
Anos 30" trata do período considerado mais radical e inventivo
do escultor. Dessa fase, constam
56 obras do artista, entre elas "Reclining Figure", que mistura de
maneira ambígua abstração e figuração, tema recorrente na obra
de Moore.
Já o módulo "Os Anos 40 e 50"
apresenta as obras que tornaram
o artista mundialmente conhecido. Em 1948, Moore recebeu o
grande prêmio da Bienal de Veneza. Foi ainda nesse período que
suas esculturas frequentaram as
primeiras duas Bienais de São
Paulo, chegando a vencer em sua
categoria, na segunda edição do
evento, em 1953.
Finalmente, a última parte da
mostra, "Esculturas Monumentais de Moore", reúne maquetes e
fotos da faceta mais conhecida do
artista: suas imensas obras públicas espalhadas pela Europa e pelos Estados Unidos, realizadas
nos anos 60 e 70. Fruto da intensa
política de incentivo às artes visuais inglesas do British Council,
muitas dessas obras foram doações do instituto britânico. Esse
apoio definitivo deu a Moore
também uma reputação de "artista oficialista", título cunhado por
seus críticos e que é analisado por
David Cohen, no artigo "Quem
tem Medo de Henry Moore?", no
catálogo da exposição.
Apesar de sua popularidade, ou
talvez por causa dela, Moore chegou a ser esnobado pelas novas
gerações inglesas, o que o crítico
Harold Bloom apontou como "a
ansiedade da influência". Mas é
inegável que ingleses como Anish
Kapoor e Tony Cragg são uma
continuidade do que está em exposição em Washington.
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