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"PANORAMA"
Mostra contrasta frieza institucional com ousadia
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
A arte brasileira vive relação
dialética com as instituições.
Fora delas, amadurece estratégias
criativas. Dentro delas, aquieta-se
numa placidez minimalista.
Tal diagnóstico é feito pelo "Panorama da Arte Brasileira" do
MAM. A mostra divide-se em
dois blocos: há obras em exibição
no parque Ibirapuera e projetos
catalogados num livro.
A curadoria é inovadora. Pela
primeira vez, foi compartilhada
por representantes de três capitais
do país: Paulo Reis, de Curitiba,
Ricardo Basbaum, do Rio, e Ricardo Resende, de São Paulo.
A dinâmica curatorial gerou
uma visão harmoniosa do espaço
museológico. A preponderância
do preto-e-branco contrasta com
o intenso colorismo do "Panorama" 99. As questões sobre a herança da estética modernista são
predominantes. A elegância compositiva une as fomiguinhas de Lina Kim, o tapete e as pedras de
Iran do Espírito Santo, a janela de
Lúcia Koch e as barras de Valdirley Dias Nunes. Nesse ambiente,
até a acumulação de panos de Marepe torna-se polida.
No extremo oposto, um livro à
venda deixa adivinhar a efervescência de grupos alternativos a
instituições oficiais. Foram selecionados Atrocidades Maravilhosas, Camelo, Mico, Linha Imaginária, Agora/Capacete, Alpendre
e Torreão. Ao propor formas independentes para a realização e
difusão de obras, tais associações
têm ganho impacto local.
Sob esse aspecto, a curadoria
propõe uma reflexão a respeito da
política de oposição aos mecanismos convencionais de reconhecimento museológico e comercial.
O "Panorama" distribui peças
contemporâneas num percurso
limpo e equilibrado. Mas os independentes prometem uma arte
viva e ousada. O contraste evidencia a cisão entre critérios institucionais e grupos autônomos.
Panorama da Arte Brasileira
Onde: MAM - Ibirapuera (av. Pedro
Álvares Cabral, s/nš, portão 3, parque
Ibirapuera, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quando: ter. e qua., das 12h às 18h; qui.,
das 12h às 22h; sáb. e dom., das 10h às
18h; até 6/1
Quanto: R$ 5
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